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Linfedema: acumulo de líquido pode causar mais que um simples inchaço

Na coluna dessa semana, Jamar Tejada aponta as diferenças entre o edema e o linfedema, causado pelo acúmulo do líquido que circula no sistema linfático

Linfedema: acumulo de líquido pode causar mais que um simples inchaço
Linfedema: acumulo de líquido pode causar mais que um simples inchaço – Freepik

Você está achando estranho seu inchaço? Eu não estou falando daquele inchaço de quando acordamos pela manhã, ou nos pés quando ficamos por horas sentados, mas aquele inchaço de pés e tornozelos que resulta em dores nas pernas, nem mudança de cor, manchas, varizes e vasinhos, mas que segue por meses. Será que isso é normal?

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Talvez esteja na hora de buscar um angiologista. Aliás, caso você não saiba, o angiologista é o profissional da saúde responsável pelo tratamento de doenças que acometem os vasos sanguíneos, como artérias, veias e vasos linfáticos.

Esse inchaço persistente pode ser linfedema, ou edema de origem linfática, um inchaço que ocorre por desordem no sistema linfático que, apesar de aparecer mais comumente nos tornozelos, pode aparecer em qualquer membro, até mesmo na face ou qualquer outra região do corpo. Calma! O linfedema não é uma doença, mas um sinal que pode aparecer de forma primária ou ser secundário a alguma condição.

Primeiramente, precisamos saber um pouco mais sobre o sistema linfático, uma rede de vasos que circunda todo corpo, incluindo os membros, tal qual as veias e as artérias, e que contém no seu interior não o sangue, mas a linfa, um líquido composto de água, proteínas, células e outras macromoléculas. Esse sistema recolhe os líquidos que extravasam dos vasos sanguíneos e os leva novamente ao sangue na região do tórax. Nossa própria contração muscular ajuda nessa drenagem, por isso a necessidade do exercício físico. Entendeu por que inchamos quando ficamos muito tempo sem movimento?

O volume de líquidos em nosso corpo representa 60 a 70% do nosso peso, variando conforme idade e constituição física. Os líquidos estão distribuídos em 40% dentro da célula (intracelular) e 20% fora da célula (extracelular). Dos 20% que estão fora da célula, 5% nos vasos (intravascular) e 15% estão entre os tecidos.

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O edema ocorre quando há acúmulo anormal de líquido nesse espaço, chamado interstício, classificado como um novo órgão. Ele é constituído por uma solução aquosa de sais e proteínas do plasma, cuja composição pode variar. Quando o líquido se acumula em todo o corpo, caracteriza-se pelo edema generalizado, também chamado de anasarca.

O que é o linfedema?

O edema, apesar de características parecidas, tem origem diferente do linfedema, que acontece quando a função do vaso linfático está prejudicada, seja por obstrução, falha na contração (na drenagem) ou por lesão desses vasos. E pode também surgir sem causa conhecida, por herança familiar, por ação de doenças, por ação de drogas, por trauma, por radiação ou após alguma cirurgia.

O maior problema do linfedema é que as proteínas do líquido que não são drenadas desencadeiam uma reação de inflamação local que culminam com fibrose do tecido e, após anos de doença não tratada, pode gerar deformidades permanentes. O linfedema é uma condição crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.

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Qual a aparência do linfedema?

Na primeira fase o inchaço é acompanhado do “sinal do cacifo”, que é aquela depressão que fica quando apertamos com o dedo na área e que pode desaparecer durante a noite, com o membro na horizontal, quando a circulação fica mais favorecida.

Na segunda fase, ainda permanece o “sinal do cacifo”, mas o inchaço não desaparece espontaneamente, necessitando de drenagem linfática ou outros procedimentos e na terceira fase, há a assimetria do membro que, pela reação de fibrose dos tecidos, se deformaram permanentemente. Essa deformidade pode ser: circunferência maior do membro em relação ao contralateral, aspecto em casca de laranja do membro ou mesmo o que chamamos de membro “elefantiásico” – com aspecto de pata de elefante.

Como se trata o linfedema?

As lesões nos vasos linfáticos são irreversíveis e progressivas. Isso nos mostra duas coisas: a primeira é não haver cura e a segunda é que, se negligenciado, o linfedema evoluirá, invariavelmente, para o estágio irreversível. Os diuréticos, apesar de parecerem a solução mais óbvia, não são indicados para o tratamento do linfedema, pois não agem no sistema linfático.

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A drenagem linfática manual é uma ótima sugestão. As massagens suaves e rítmicas estimulam o sistema linfático, facilitando a drenagem do excesso de líquido acumulado nos tecidos. A drenagem ajuda a reduzir o inchaço, aliviar o desconforto e melhorar a circulação linfática.

A terapia de compressão também é importante para o tratamento do linfedema. O uso de meias de compressão graduada, bandagens compressivas ou dispositivos de compressão pneumática intermitente ajudam a reduzir o inchaço e a manter o fluxo linfático adequado. Essa abordagem é essencial para controlar os sintomas e prevenir a progressão do problema.

A prática de exercícios específicos também pode ser recomendada como parte de um programa de reabilitação para pacientes com linfedema. Esses exercícios envolvem movimentos suaves e repetitivos, visando melhorar o fluxo linfático e fortalecer os músculos adjacentes. No entanto, é importante que os exercícios sejam adaptados às necessidades individuais de cada paciente e supervisionados por um profissional especializado. Obviamente, os melhores resultados acontecem com a combinação de tudo isso.

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Alguns suplementos têm sido estudados por seu potencial efeito na circulação e inflamação associadas ao linfedema. Uma abordagem que tem sido estudada, é o uso de suplementos com alta concentração de hidroxitirosol, associado a quantidades menores de hesperidina, espermidina e vitamina A. O hidroxitirosol é um composto encontrado nas folhas e no azeite de oliva, com propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e antimicrobianas.

A suplementação de selênio também demonstrou efeitos positivos no tratamento de linfedema associado ao câncer, reduzindo o volume do inchaço e aumentando a eficácia da terapia física. No entanto, vale ressaltar que não foram desenvolvidos estudos clínicos robustos bem delineados e as evidências ainda são preliminares.

Claro que a boa alimentação interfere diretamente no tratamento além da prática de atividades físicas, mas se sentir que esse seu inchaço está durando mais do que deveria, busque orientação médica e considere a utilização de suplementos apenas com a devida supervisão do seu profissional de saúde de confiança.