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RAIVA: Precisamos controlar os desajustes que levam ao despertar da ira

Na coluna desta semana, Jamar Tejada fala sobre a raiva e propõe que reflitamos sobre o que desperta nossa ira e como podemos controlá-la, e até mesmo, transformá-la em algo bom, em energia

RAIVA: Precisamos controlar os desajustes que levam ao despertar da ira – Freepik

Você até pode pensar que esse sentimento te traz força ou impõe medo aos seus inimigos, mas, na verdade, a raiva é um sentimento autodestrutivo que nasce pelos mais pesados sentimentos: mágoa, injustiça, inveja, negação, frustração, entre outros e interfere diretamente na nossa saúde e nas nossas relações negativamente. Todo sentimento que surge de forma errada, cresce de forma errada, não tem como esperar um resultado bom, daquilo que nasceu e foi alimentado de forma ruim.

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Saber controlar o dedo quando o botão “explodir” está te convidando a ser apertado não é tarefa fácil. Se você vive acessando seu canal de raiva, chegará um momento em que esse botão quebrará e controlar o sentimento se tornará quase impossível. Uma coisa é você explodir porque está em uma discussão contra algo que é contra seus princípios, ou porque sofreu ou viu alguém sofrer uma injustiça, ou ainda porque foi lesado… Outra coisa é explodir porque a impressora não funciona, ou pela internet que não para de cair, pela falta de sinal no celular ou a calça jeans que não entra mais! Devemos estar atentos aos botões do nosso controle remoto interno.

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ONDE A RAIVA ESTÁ ‘LOCALIZADA’ NO CÉREBRO?

Fisiologicamente, a raiva nasce em estruturas que se localizam em uma parte primitiva do nosso cérebro. Suas respostas a uma ameaça são reguladas pelo córtex, no lobo frontal, região de funções mais complexas, é ele que diz se vamos apenas conversar, xingar ou esmurrar o próximo. Dizem que essa capacidade é o que nos diferencia dos animais, incapazes de ponderar, o que nos dias atuais já não sei se concordo. Parece que o senso de ponderamento dos animais está bem mais evoluído do que o nosso.

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Nossas áreas cerebrais ativadas são as mesmas de um leão, de um urso, etc, mas temos maior quantidade de córtex e, por isso, somos mais capazes de modular essa raiva. Para garantir a preservação da espécie, a raiva funciona como um mecanismo de autodefesa que o cérebro dispara ao detectar o que acredita ser um perigo, onde a agressão é uma das formas de expressar a raiva.

Você também pode sentir raiva quando está com fome ou muito cansado. Eu, particularmente, me encaixo bem nesse contexto raivoso. Nesse caso ocorre uma variação dos níveis de serotonina. Descobriu-se que quem tem uma tendência natural a se comportar agressivamente, tem a comunicação ainda mais fraca entre as duas partes do cérebro após a redução do neurotransmissor – ou seja, fica mais difícil para o córtex segurar a raiva primitiva gerada pelas amídalas.

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A serotonina influencia nessa comunicação entre as amídalas e o córtex pré-frontal que controlaria a raiva. Quando essa comunicação é deficiente, faz com que, em vez de respirar, ponderar e contar até 10, o sujeito se deixe dominar e aperte com força o botão “explodir!”

Há também os tipos que já nasceram com pavio curto, desde pequenos “emburrados”, de cara fechada e a razão pode estar no cérebro e na genética, o que não serve como desculpa para o mal humor que provém da sua personalidade. A forma que os genes influenciam a raiva ainda não foi totalmente desvendada, mas a neurocientista Molly Crockett, da Universidade de Zurique, na Suíça, afirma que existem evidências de que variações em um gene (MAOA) influenciem no circuito cerebral da raiva e de seu controle. São também os genes que desempenham papel importante nos níveis de certos neurotransmissores, como a serotonina e a dopamina – ambos envolvidos na agressividade. 

Também há a questão da testosterona. Partes do cérebro envolvidas na raiva são realmente sensíveis a hormônios como esse, e, em geral, homens têm níveis mais elevados de testosterona do que mulheres, principalmente na fase reprodutiva. A testosterona pode ser capaz de agravar uma tendência agressiva já em andamento, mas não é a origem de um comportamento agressivo. 

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Homens e mulheres respondem da mesma forma quando as amídalas decidem virar a chave para o modo raiva. Homens tendem a ter atitudes mais violentas do que mulheres, mas circunstâncias diferentes podem levar a diferentes tipos de agressão de acordo com o pesquisador Michael Ewbank

E quanto às mulheres que justificam sua raiva pela TPM? Mulheres têm o equilíbrio mental desafiado todo mês pela tensão pré-mentrual, fazendo com que esses fatores hormonais provoquem alteração da concentração da serotonina e, por isso, o humor passa a variar de acordo com essas mudanças. Quando o estrogênio está alto, o neurotransmissor permanece mais tempo no organismo. Quando a progesterona está alta, ela destrói a serotonina mais rapidamente, e a sua falta causa os sintomas da TPM assim como a raiva feminina que parece vir de lugar nenhum. 

Independente de todas as respostas fisiológicas que “libertam” a raiva, precisamos controlar os desajustes que levam ao despertar da ira.

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Como diminuir a raiva que surge repentina como fogo no meio da mata seca devastando tudo ao redor?

Identificar os pontos é a primeira atitude a ser tomada, se você já sabe o que a desperta, tente ver esse problema de outra forma, seja mais paciente e tolerante. Você já parou para pensar que com paciência e a tolerância perdemos muito menos do que com a raiva? Quantas brigas, quanta mágoa, quanto desafeto poderia ter sido evitado se você tivesse contado até 10, ou até 1000 se fosse necessário, ou então simplesmente tivesse deixado passar?! Há um provérbio chinês que diz que “ser paciente em um momento de raiva, evita cem dias de sofrimento”.

A raiva é um sentimento descontrolador e destruidor que nos deixa confusos e acaba com quaisquer resquícios de bom senso. Pior, ela leva consigo todas nossas virtudes acumuladas ao longo do caminho, virtudes que não foram fáceis de atingir. Mas, de certa forma, ela pode até ser considerada saudável se nos torna capazes de protestar e nos autoafirmar… Afinal, sem ela, seríamos ou muito submissos ou muito explosivos, ser bonzinho o tempo todo também é um desajuste.

No controle, no equilíbrio, está a solução, como diz o ensinamento de Mahatma Gandhi: Aprendi através da experiência amarga a suprema lição de controlar minha ira e torná-la calor, que é convertido em energia.

Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo.


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