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BBB 23 pode afetar o equilíbrio emocional de quem assiste ao programa?

Escritor e especialista em autoconhecimento comenta sobre a ligação emocional do público com os confinados do BBB 23

BBB 23 pode afetar o equilíbrio emocional de quem assiste ao programa?
BBB 23 pode afetar o equilíbrio emocional de quem assiste ao programa? – Reprodução/TV Globo

Sem dúvidas, o Big Brother Brasil é um dos principais programas de entretenimento da televisão brasileira, que movimenta milhões de telespectadores todos os anos. Atualmente, estamos assistindo ao BBB 23. A atenção do espectador está voltada para cada “confusão” que acontece na casa, entretanto, esse interesse gera emoções negativas relacionadas ao bem-estar mental e emocional do espectador.

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Como o BBB 23 afeta o equilíbrio emocional do telespectador?

O escritor, especialista em autoconhecimento e mentor existencial Guilherme Ferreira explica que uma série de fatores combinam para haver uma ligação emocional do público com os confinados. Para ele, o programa é um experimento social que gera identificação.

“O programa é um experimento social que coloca pessoas completamente diferentes, incentiva conflitos, aonde vão surgindo a luz e a sombra de cada participante e o público que assiste ao programa acaba entrando no jogo, ativando o emocional do telespectador, gerando identificação”, ressalta.

BBB 23: um jogo de identificações

Segundo o escritor, o engajamento do público com os participantes pode revelar ou moldar novas personalidades, dependendo do nível de envolvimento de quem assiste ao reality.

“Com esse engajamento o público começa a tomar as decisões do jogo, quem está certo ou errado. Essas decisões vão revelando partes da personalidade de quem assiste, aquilo que cada um se identifica ou abomina no participante, como também pode moldar uma nova personalidade, haja vista que quando a pessoa passa a admirar um brother, ela tende a seguir padrões e normas daquela pessoa”, pontua.

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Uma pesquisa publicada no periódico científico NeuroImage buscou observar como o cérebro humano reage quando assistimos a determinados programas. Para entender o fenômeno, cientistas da Universidade de Turku, na Finlândia, captaram imagens de ressonância magnética de 37 pessoas enquanto elas assistiam.

Para Gui Ferreira, o estudo pode ser aplicado ao BBB, pois é possível perceber como ele contribui para haver oscilação emocional das pessoas que assistem, principalmente pelo fato de haver uma identificação do público com os participantes.

“Quando assistimos algo desse tipo, o nosso cérebro não consegue distinguir o que nos atinge e o que não nos atinge. Um bombardeio de emoções, raiva, alegria, competição, que não fica apenas nos confinados, mas também em que assiste, resultando no humor da pessoa”, afirma.

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Cultura do “cancelamento”

Em todas as edições do mais famoso reality show do país, uma palavra é sempre destaque: cancelamento, algo que passou a ser normalizado nas redes sociais, criando, inclusive, mutirões de cancelamento. Para o especialista, todo julgamento é uma exposição de personalidades retraídas.

“Toda vez que nos identificamos em outra pessoa, seja ela boa ou ruim, em algum nível ela existe dentro de mim. O cancelamento de participantes por conta de suas atitudes dentro da casa podem ser um ato autojulgamento. Para chegar ao ponto de reconhecer as suas sombras, seus defeitos, exige um nível de autoconhecimento e autoconsciência enorme”, completa.

Como o BBB apresenta fielmente a vida privada e cotidiana das pessoas, um sentimento de pertencimento e identidade permite ao espectador vigiar a casa mesmo com dor, o que acaba fazendo com que ele não identifique o que de fato pertence a sua realidade.

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“De fato, o bombardeio de emoções é tão forte no cérebro que ele não consegue identificar que aquele problema que estou vendo na tela não é um problema meu, que aquela raiva que o participante sentiu não é minha. E quando você suga tudo isso para você, aí, sim, você passa a manifestar isso dentro da sua realidade”, finaliza.