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Medo ou vergonha? Psicanalista discute o Novembro Azul e porquê muitos homens evitam o assunto

A psicanalista Sandra Hott explicou porquê o câncer de próstata ainda é pouco discutido entre os homens

Psicanalista esclareceu porquê o Novembro Azul ainda é um tabu para muitos homens – Pexels

O Novembro Azul é uma campanha que tem como objetivo conscientizar sobre a necessidade da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata. 

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Embora o tema seja amplamente discutido nos meios de comunicação, o assunto é motivo de desconforto nas rodas de amigos e pouco discutido entre os mais afetados, os homens, por isso campanhas como essas são fundamentais incentivar o cuidado com a saúde masculina. 

Segundo a psicanalista e professora Sandra Hott, a dificuldade cultural faz com que muitos homens só busquem ajuda quando surgem os sinais de agravamento. Nesse caso, o tratamento é mais delicado e longo, aumentando também a necessidade de uma cirurgia.

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Sandra explicou que os modos de dominação estabelecidos culturalmente pelo machismo oprimem mulheres e outras minorias, mas igualmente aprisionam sujeitos do sexo masculino. Existe a ideia de que o sujeito forte é aquele inabalável, que não tem nenhum problema de saúde, a falácia de que o homem não deve sentir dor. Esse pensamento é muito mais comum em gerações passadas, nas quais alguns homens se gabavam de nunca terem ido ao médico.  A negação do sofrimento, da doença e da dor pode ser entendida como um sinal de superioridade. 

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A prevenção de câncer feminino entre as mulheres, ao contrário do que ocorre com a população masculina, já é um assunto corriqueiro. É comum também que as mães levem as meninas para os próprios exames ginecológicos e essa cultura naturaliza as falas e a necessidade de prevenção entre o público feminino. 

No entanto, o mesmo ainda não ocorre no que diz respeito à saúde masculina,  permanecendo incomum que os homens falem com seus filhos e mesmo entre si a respeito do tema. Contudo, essa cultura vem mudando ao longo do tempo e campanhas como novembro azul têm sido fundamentais para alertar sobre um problema que ocorre durante todo o ano. 

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Cabe ressaltar que as diversas funções da presença feminina – mãe, esposa, amiga, namorada – podem representar uma força determinante na desconstrução da pretensa invulnerabilidade masculina. Considerando que a maioria dos chefes da família no Brasil são mulheres, essa colaboração se torna mais relevante quando pensamos em mudança de perspectiva sobre os cuidados à saúde masculina. Espaços públicos de socialização – escolas, mídia, internet – igualmente podem ser estimulados a dar visibilidade para a necessidade de acompanhamento.

As estatísticas mostram que 75% dos casos ocorrem a partir dos 65 anos, o que significa que cerca de 35% de homens abaixo dessa idade também podem apresentar o quadro de câncer prostático e isso representa um grande desafio para todos. O processo de diagnóstico de câncer de próstata gera inúmeros conflitos que serão mais árduos quando maior for o preconceito masculino. 
Segundo a psicanalista, um percurso de psicanálise pode ser de auxílio fundamental para ressignificar esse aprisionamento masculino de modo individual. A informação adequada replicada ao longo do tempo no tecido social pode naturalizar os cuidados à saúde masculina como ocorre com a saúde da mulher. São construções e como tais exigem um bom e necessário trabalho de todos.

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