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Por que as palavras têm tanto poder? Como é possível se blindar das expressões negativas? Especialista responde

Psicólogo e psicanalista, Ronaldo Coelho esclareceu a dúvida de uma seguidora da Bons Fluidos e explicou que ”as palavras tocam nossos corpos e nos transformam”

Psicólogo e psicanalista explica o porquê das palavras terem tanta influência sobre nós! – Freepik

Por que as palavras têm tanto poder sobre a nossa vida, nossa rotina, nossa mente? 

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Em uma matéria publicada pela Bons Fluidos em outubro de 2020, reproduzimos uma dica do espiritualista Daniel Atalla de sete palavras que comprometem nossa energia negativamente quando proferidas. São elas: NUNCA, FRACASSO, MALDIÇÃO, DESGRAÇA, ÓDIO, AZAR e QUERIA.

Evite dizer isto! Confira 7 palavras que comprometem negativamente sua energia, segundo espiritualista

O post repercutiu e uma dúvida publicada por uma de nossas seguidoras nas redes sociais nos chamou a atenção. Ela questionou: “Tive um desentendimento com uma parente. Ele mandou em menos de um minuto mais de uma dúzia de vezes a palavra “desgraça” no meu celular. Quando alguém profere para você, como deve reagir, o que fazer? Como se defender?”

Para esclarecer a questão, convidamos o psicólogo e psicanalista Ronaldo Coelho.

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Nós somos seres simbólicos. Isso implica dizer que as palavras tocam nossos corpos e nos transformam. Uma palavra pode fazer nosso coração bater mais forte e também pode nos acalmar. As palavras podem nos fazer adoecer, mas também podem curar. Foi a partir desta constatação levada às ultimas consequências que Freud desenvolveu seu método de “cura pela fala”, sem medicações e nem intervenções cirúrgicas. O analista passa a ser um médico que opera não mais com o bisturi, mas sim com a precisão da palavra”, explicou o especialista.

Tem alguma diferença se NÓS proferirmos a palavra ou se alguém proferi-las a nós?

“Sempre tem diferença. Tem diferença também se quem profere é alguém que amamos, alguém que odiamos ou alguém que nos é indiferente. O contexto discursivo importa muito, pois é ele que dá o sentido da palavra. A palavra por si só possui um significado dela mesma que passa a ser compartilhado sem que tenhamos uma completa consciência disso. Por exemplo a palavra “pássaro”. Quando digo “pense em um pássaro”, muito provavelmente você não pensou numa galinha ou num pato. Isso faz pensar que alguns pássaros são mais “pássaros” do que outros. Na letra do poeta pode ainda ganhar outra forma: “Uns passarão, eu passarinho”. O contexto discursivo modifica o sentido, brinca com a imagem, faz com que novas conexões se estabeleçam. Essas conexões todas são produzidas também nos nossos neurônios, e faz ver algo que nunca antes tivéssemos visto”.

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Como lidar quando pessoas ao nosso redor têm o costume de falar coisas ruins e negativas? Como podemos nos blindar?

“Antes de tudo devemos ter a consciência de que só podemos modificar os nossos próprios comportamentos e pensamentos. As relações todas das quais participamos podem ser modificadas por nós, mas isso deve ser feito a partir de nós, caso seja de nosso desejo essa mudança. Nós modificamos a relação agindo diferente com o outro, e não esperando do outro que ele aja diferente conosco. Nesse sentido, a não ser que se esteja num relacionamento abusivo ou mesmo violento, ninguém é obrigado a ouvir o que não faz bem. A primeira dica é, retire-se. Ou então desenvolva uma maneira de não ser afetado pelo que vem do outro. A flecha só lhe acertará se você se colocar como anteparo. Ao mesmo tempo, tem aquela palavra específica, dita por aquela pessoa que nunca achamos que iria nos dizer. Contra essa talvez não seja mesmo possível se proteger de antemão, mas é possível cuidar do ferimento que ela causou. Neste caso vale a lembrança de que as pessoas que amamos e que tanto nos amam por vezes nos ferem, não porque desejam nos fazer o mal, mas porque é impossível sempre saber de nossas necessidades, fragilidades e angústias”.


Ronaldo Coelho

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É idealizador e professor do curso Análise do Discurso na Clínica Psicanalítica, que tem por objetivo formar psicólogos e psicanalistas para realizarem uma análise consistente de seus pacientes desde a primeira sessão. Atua como psicanalista em seu consultório particular e mantém o canal Conversa Psi no YouTube.

Graduado em Psicologia (USP) e Mestre em Psicologia Institucional (USP). Foi professor de Psicologia Médica do curso de graduação de Medicina (UNIFESP) e preceptor da Residência Multiprofissional em Saúde (UNIFESP). Trabalhou em hospitais como Hospital São Paulo e Hospital Universitário da USP, onde, além da assistência aos pacientes e familiares, realizava supervisão clínica de atendimentos psicológicos desenvolvidos por estudantes e psicólogos, orientação de pesquisas e aulas em Psicologia Hospitalar. 

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