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Por que é importante criar metas para o ano seguinte? Psicóloga explica e mostra a melhor forma de desenvolvê-las

A especialista Sandra Araujo Hott conversou com a Bons Fluidos sobre o assunto e deu dicas de como elaborar seus objetivos para o ano de 2021

Por que é importante fazer metas para o ano seguinte? Psicóloga explica – Pexels

O ano de 2021 está chegando e com ele os objetivos particulares para o novo período que se inicia. Seja uma casa nova, um emprego, ou simplesmente saúde e prosperidade. As metas estão presentes na vida de cada um de nós.

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A Bons Fluidos conversou com a psicóloga Sandra Araujo Hott, também psicanalista, professora e supervisora clínica, que respondeu algumas questões sobre o assunto e ainda deu dicas de como estabelecer suas metas para o ano seguinte.

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É importante criar metas para o ano seguinte?

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“Sim, desde que a pessoa não fique aprisionado a elas. As metas servem como incentivo, e não como uma obrigatoriedade que nos impede de sermos criativos. A vida não é algo congelado. A tomada de decisão é importante, a escolha da direção também é importante. Mas é importante também estarmos prontos a criar, pois, nem tudo funciona do jeito que esperamos.”

Fazer metas ajuda a pessoa a se motivar e não desistir de um objetivo?

“As metas são sempre importantes, pois nos fazem mover para sempre para frente. Elas são desejos que ganham um nome, um endereço e, às vezes, até um prazo para que aconteça. Nós gostamos de classificar. Temos uma ‘maquininha’ aqui no nosso cérebro que estabelece períodos, ordena, nomeia. E o nosso mundo é um mundo feito de linguagem, onde os desejos surgem como também nossos medos, tristezas e alegrias.”

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Existe uma maneira correta de fazer metas para não abandoná-las no meio do caminho?

“Um propósito de estabelecer metas pode ser muito interessante quando damos a essas palavras (ou objetivos) uma força, uma potência de nos fazer chegar. Na verdade, o mais interessante não é a chegada, mas o percurso, pois sabemos que as metas podem mudar e geralmente mudam ao longo do ano. Muitas são deixadas para trás, outras substituem as metas anteriores, algumas novidades acontecem. Então, colocar metas é, na verdade, produzir sonhos e desejos e colocá-los na nossa frente, montando um cenário que nos faça prosseguir, ou seja, seguir em frente.

Vale lembrar que a motivação é algo que vem de dentro. Ao contrário do que se pode pensar, ninguém motiva ninguém a nada, nada motiva ninguém a nada, a não ser nós mesmos. A motivação é algo inerente, é algo interno que pode ser estimulado por algo externo, mas que só vai comparecer, ou não, em cada pessoa sem ser algo vindo de fora, mas a motivação é sempre interna.”

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E quando não alcançamos a meta o que fazer?

“Acho muito importante construirmos metas, proferirmos esse desejo, escrever na agenda, programar para encontrar e concluir um certo desafio. Mas é interessante também pensar que muitas vezes a graça vai estar no movimento, na batalha, na superação de limites, muito mais do que no ponto de chegada. A vida é a viagem e as janelas podem oferecer uma paisagem muito mais rica do que a estação onde o trem chega.

Portanto, uma boa meta ou um bom objetivo é aquele que vai te mover, que vai te trazer movimento. Mas, não necessariamente, chegar lá pode ser a coisa mais importante. Quantas vezes chegamos ao lugar, uma vista que era prometida como belíssima, mas, na verdade, o caminho foi muito mais interessante que a vista em si. Então, metas podem servir como motivos para seguir em frente, motivos para sonhar e desenhar um futuro que possa ser mais satisfatório.

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Se considerarmos as metas como o objeto de desejo, que possa nos trazer satisfação e alegria, vamos pensar que nem sempre os nossos desejos são satisfeitos e isso faz parte da vida.

Como uma história que é bem interessante que ocorre quando nós desejamos muito um bem, por exemplo, um vestido, uma casa, um livro ou uma viagem, investimos muito nisso, tempo e dinheiro. E tempo é dinheiro. Deixamos de fazer outras coisas e priorizamos sempre esse momento mágico onde essa meta seria atingida. No meio do caminho, muita coisa pode acontecer, podemos precisar ou escolher investir esse tempo, dinheiro e energia em outra coisa, podemos conquistar essa meta e descobrir que ela é só mais um degrau para outras coisas.”

Algo a acrescentar?

“Uma complementação interessante é lembrar que para psicanálise, desde Freud, o ser humano não é uma máquina. O sujeito humano é um ser sujeitado ao inconsciente, nós somos feitos de desejo e que sonhar, fantasiar, desejar, pode ser materializado na forma de metas, de objetivos, mas, acima de tudo, a construção desses objetivos vai girar um movimento, como falamos antes, é o que vai nos manter vivos. Sem sonhos, sem fantasias, sem desejos materializados em palavras, que possam nos mover, o ser humano adoce. Nesse sentido, o movimento que o sonho e o desejo podem nos trazer, nos mantém vivos e saudáveis.”


Com formação e mestrado em psicologia pela UFRJ, Sandra Araujo Hott é psicanalista, professora e supervisora clínica. Sandra tem 25 anos de experiência clínica e mais de 20 anos como professora e supervisora.