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Psicóloga e mãe de superdotado abordam questões importantes em relação à superdotação

Roselene Espírito Santo Wagner e Rachel Gutvilen concordam que alunos superdotados precisam de outros métodos pedagógicos de ensino, relevantes para o desenvolvimento psicossocial de crianças superdotadas

Roselene Espírito Santo Wagner e Rachel Gutvilen concordam que alunos superdotados precisam de outros métodos pedagógicos de ensino – Freepik

De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 3% e 5% da população mundial é constituída por superdotados. Romeu Gutvilen, de 6 anos, que recentemente conquistou o terceiro lugar em campeonato brasileiro de xadrez e está entre os três melhores enxadristas no Sub6, faz parte desse universo. Muito cedo, o menino identificava palavras e números e antes dos 4 já sabia ler. Exames de inteligência constataram sua superdotação.

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Romeu Gutvilen é craque no xadrez
Romeu Gutvilen é craque no xadrez (Foto: Divulgação / MF Press Global)

A psicóloga Roselene Espírito Santo Wagner, mestre em psicanálise, explica que a superdotação não é uma habilidade que pode ser adquirida por meio do aprendizado, mas é entendida como um talento, uma aptidão inata. O indivíduo nasce superdotado, e necessitará de um ambiente que lhe ofereça condições para exercer essas capacidades de forma adequada. “É um fenômeno que se caracteriza por uma elevada capacidade mental e um nível de performance significativamente superior à média”, salienta, destacando que os pais, pelo convívio diário e por conhecer bem seus filhos, são os primeiros a perceber um desenvolvimento atípico e capacidades superiores à sua faixa etária.

Rachel Gutvilen, empresária e mãe de Romeu, disse que percebeu que o filho fazia coisas que a maioria das outras crianças da mesma idade não fazia: identificava letras, números, leu muito cedo, tinha facilidade de fazer contas e memorizava tudo. “Como Romeu ama números investi em aulas particulares de matemática, jogos como o sudoku, aplicativos de raciocínio e em xadrez”. Ela conta que o cercou “de muito amor, compreensão, proteção para deixá-lo mais seguro e confiante”.

Roselene afirmou que a empresária seguiu o caminho certo. “É no campo emocional que se encontram algumas das maiores demandas dessas crianças, e dessa forma, os pais devem auxiliá-las a ter um desenvolvimento psicológico mais saudável possível. A superdotação só oferece vantagens se os aspectos psicossociais se encontram ajustados”.

Segundo a psicóloga, os pais de superdotados devem oferecer um ambiente com recursos que estimulem continuamente as capacidades mentais da criança, evitar a supervalorização e as expectativas quanto ao seu desempenho. “Ela mesma, em geral, já é muito exigente, e os pais devem aceitar falhas e ajudá-la a enfrentar dificuldades de qualquer ordem”.

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Ajudar a criança a lidar com frustrações emocionais também é importante, recomenda Roselene, destacando que, apesar do superdotado não passar por dificuldades no aspecto acadêmico, o fracasso faz parte de outros contextos da vida, e prepará-lo para isso é favorecer seu desenvolvimento emocional saudável. Lembra ainda que, embora possua capacidades avançadas para sua idade, o superdotado deve ser tratado de acordo com a sua faixa etária de desenvolvimento.

Por experiência, a mãe de Romeu aconselha os pais de superdotados a identificar e incentivar as habilidades inatas e paixões de seus filhos. “Por exemplo, meu filho escolheu a matemática e o xadrez. E estou sempre o estimulando em suas preferências”.

 

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Educação

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De uma maneira geral, o ensino brasileiro não está preparado para educar superdotados e nem a geração atual. “O que temos é um sistema educacional ultrapassado. Formulado para atender as demandas de uma geração que era analógica, que se formou em outra cultura, com hábitos e habilidades que faziam sentidos naquele recorte de tempo. Hoje temos uma geração completamente digital”.

Roselene cita as metodologias ativas como um dos melhores métodos pedagógicos para superdotados e crianças da era digital. “Em metodologias ativas (o aluno como um centro dinâmico) e aulas construtivas”.

A psicóloga sublinha que as aulas construtivas dão ênfase em habilidades e competências, por meio da aplicação de diversos materiais. “O ensino é centrado no aluno, que são ativos no processo de aprendizagem. O aprendizado é interativo com intercâmbio entre alunos e professor”.

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Em uma sala de aula construtivista, o aprendizado é mais sobre o pensamento e a compreensão, e não apenas sobre memorização mecânica, ressalta. “Os alunos de uma sala de aula construtivista são curiosos e fazem perguntas, gostam de aprender participando da troca de ideias. O método construtivista não apenas promove a aprendizagem, mas também promove habilidades sociais e de comunicação”, sublinha Roselene.


Sobre Roselene Espírito Santo Wagner – psicóloga clínica, mestre em psicanálise, neuropsicóloga, psicanalista clínica, extensão em psiquiatria para dependência química, perita judicial em psicologia, especialista em TDAH, em treino cognitivo, em psicometria, em laudos, pareceres, psicodiagnósitco, testes psicológicos, formação em neurociências e comportamento, em perícia em serviço social e psicologia, terapeuta de casal e família e supervisora de casos clínicos.

Sobre Rachel e Romeu Gutvilen – a empresária nasceu no Estado do Rio de Janeiro. Filha de uma cozinheira negra e um advogado judeu polonês, Rachel aprendeu com a mãe a ser uma mulher forte e lutadora. Aos 15 anos ingressou no mercado de trabalho numa rede famosa de fast food. Estudou em escola pública e se tornou professora. Também estudou artes cênicas, inspirada por uma peça de Gerald Thomas. Para pagar o curso trabalhou como garçonete. Tem participações em campanhas publicitárias, filmes, novelas e séries. Foi dançarina do Programa do Faustão. Casou duas vezes e no segundo casamento teve a melhor experiência de sua vida: ser mãe. Enfrentou o luto pelos pais e se tornou mais determinada, perseverante e positiva. Em 2019 se lançou como empreendedora abrindo uma loja de camisetas on-line. Descobriu, após o filho Romeu se submeter a exames para medir a inteligência, que ele é superdotado. Com 1 ano e 8 meses, o menino identificava palavras e números e aos antes dos 4 anos já sabia ler. Buscou orientação com uma neuropsicóloga infantil e um professor. Mesmo com um QI elevado e com a capacidade de processar as informações de forma muito rápida, Romeu é uma criança de 6 anos: brinca, faz birra, pratica esporte. Aos 5 anos de idade aprendeu a jogar xadrez. Adora matemática e tem uma facilidade absurda para fazer conta.