A psicóloga Alessandra Augusto falou sobre como os aliados desta pessoa e a terapia podem quebrar a vergonha do indivíduo; confira o depoimento
Nesses dias de calor, quem aí também sentiu vontade de mergulhar na piscina no Big Brother Brasil 22 junto com os participantes? No nono dia de confinamento, o bacharel em direito Viny decidiu tirar a camiseta e o shorts para entrar pela primeira vez na piscina da casa.
Antes do mergulho, o brother foi questionado pelos colegas sobre o porquê de não tirar as roupas para entrar na piscina e se refrescar. De pronto, ele respondeu sentir vergonha do corpo. Surpreendentemente, ele, sozinho, quebrou esse tabu e partiu ao encontro dos colegas na água. Eles, por sua vez, reconheceram como digna a atitude de Viny e apoiaram o amigo. A cantora Maria aplaudiu sua entrada e o recebeu com um abraço. Eliezer se ofereceu para pegar uma toalha para que o brother pudesse sair da piscina coberto.
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Assistindo ou lendo sobre a cena, não há como não nos perguntamos: o quão importante foi para Viny o apoio dos amigos? Como trazer essa situação para a “vida real”?
Conversei com a psicologa Alessandra Augusto, especialista em terapia cognitiva comportamental e em neuropsicopedagogia, que falou sobre a importância de apoiar um amigo ou familiar a superar a timidez de uma parte do corpo, ou comportamento próprio que não lhe agrada.
“Geralmente, um indivíduo muito tímido se preocupa com o julgamento do outro, além de se comparar frequentemente. Ele entende um padrão de beleza, no caso do rapaz [Viny], o peitoral, olha para si e percebe que não está adequado. O trabalho que nós fazemos na psicoterapia é respeitar as individualidades, é fazer com que esse indivíduo entenda que ele é único. Ele tem o peitoral dele, e o outro colega vai ter outro peitoral.”, explica e especialista.
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Alessandra ainda diz que a autoestima tende a ser desconstruída na infância no núcleo familiar quando os pais ou pessoas próximas do ciclo daquela pessoa incentivam a criança a estar encaixada em padrões de beleza ou comportamentais, não respeitando temperamentos e particularidades desse indivíduo. “Os amigos ou a família tem papel fundamental na conquista desta autoestima, ajudando essa pessoa a sair desse lugar de timidez, de vergonha do corpo.”, diz.
A psicóloga ainda fala que o momento de procurar uma ajuda psicológica está clara quando a pessoa apresenta perdas em sua vida pela timidez. Por exemplo, quando ela deixa de conseguir um trabalho pela vergonha de falar em público, ou quando ela perde a oportunidade de cuidar do próprio físico pela timidez com seu corpo.
“É aí que a família e os amigos entram. Quando ambos começarem a perceber que aquele individuo que nós amamos e cuidamos começa a demonstrar esse comportamento, essa fala, eu já posso estar auxiliando-o a buscar ajuda profissional.”, completa Alessandra.
“Na terapia, nós vamos desconstruir essa pessoa, vamos fazer ele entender que ele faz parte de um sistema. Nem todos os olhares ou atenções serão voltados para ele. Então, ele vai saindo desse lugar de ansiedade e de angústia. Nós vamos precisar explicar para esse indivíduo que ele não é o centro das atenções, para ele se ‘descolar’ disso e aceitar a sua condição. A família também precisa entender isso para aí, sim, oferecer o apoio. Passamos a valorizar outras coisas sem ser a aparência.”, finaliza.
Entender, elogiar, apoiar é sempre necessário, sem ultrapassar limites. A psicologia vem para se aliar a essa pessoa e reverter a situação. Aceitação é tudo.
*Alessandra Augusto é formada em Psicologia, Palestrante, Pós-Graduada em Terapia Sistêmica e Pós-Graduanda em Terapia Cognitiva Comportamental e em Neuropsicopedagogia. É a autora do capítulo “Como um familiar ou amigo pode ajudar?” do livro “É possível sonhar. O Câncer não é maior que você.
