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O colunista Carlos Solano fala sobre a construção de sua casa. Confira!

Na casa do arquiteto Carlos Solano, tudo tem uma história, um motivo, uma atitude. Foi desse jeito que construiu o lugar que ocupa no mundo

Carlos Solano – Divulgação
Ela tem a forma arredondada alinhada à curva de nível do terreno. A razão foi construí-la na chamada proporção áurea, que significa a proporção perfeita encontrada em todas as formas da natureza. “Dessa maneira, a integrei ainda mais à paisagem”, conta Solano. O que não falta a sua casa encravada num condomínio no pé da Serra da Moeda, nas Minas Gerais, a 50 quilômetros de Belo Horizonte, com direito a cachoeira, lagoa e onde canta o sabiá. Amplos rasgos nas paredes que chegam a 4 metros de altura, também não deixam escapar um tantinho sequer da exuberante vista que se abre para o “coração” da montanha – uma cavidade natural com o formato desse órgão e por meio da qual escorre um fio de água pura. “Olhar para essa paisagem me faz lembrar de contemplar o coração nas coisas que devo realizar no meu dia a dia”, confessa o arquiteto. A casa tem 123 m2. “Não é grande, mas, como diz dona Francisca, ‘toda casa deve ter o tamanho da nossa varredura’. Ou seja, temos de dar conta de varrê-la por nós mesmos”, resume Solano, referindo-se à amiga faxineira. O modo como ele cuida da casa é tão simples e intenso quanto a forma com a qual produz seus escritos na coluna Prosas da Casa (leia à página 9) e nos seus livros – os mais recentes, Casa Natural e Nossas Árvores, o Resgate do Sagrado. “Gosto de morar com simplicidade. Acumulo o mínimo e tudo que entra aqui tem um significado.
“Esse lugar me escolheu. Sempre digo isso”, conta Carlos Solano. “Bati os olhos nele e disse pra mim mesmo: é aqui que eu quero ficar”, completa. Assim a casa foi se fazendo, pouco a pouco, por meio das experiências que ele obteve com clientes e suas andanças na vida. Entre elas, as vivências na Ecovila Findhorn, na Escócia, e o conhecimento adquirido no Oriente, onde estudou a técnica de Feng Shui. Fora os mais de 20 países que conheceu. “A busca de si mesmo passa, a meu ver, pela busca da casa e pela busca do entendimento do lugar que ocupamos no planeta”, reflete.
Desse entendimento, Solano tirou as melhores intenções para construir sua morada: só entraram tijolos de ecobloco, feitos de resíduos de construções e demolições; tinta preparada com a terra do terreno (uma parte de terra, uma parte de água e uma parte de cola) aplicada na maioria das paredes; água coletada da chuva para molhar o jardim e o cuidado com a reciclagem do lixo. Também tratou de colocar no piso lajões de pedra diamantina, de fácil manutenção e que permitisse molhar as plantas que gosta de cultivar dentro de casa sem se preocupar com a água escorrendo pelo chão. Na cozinha, nada de ladrilho. Solano xerocou desenhos, colou sobre papelão e fixou na parede. “Sempre gostei de reciclar e conseguir soluções a baixo custo.” Sim, essa é a casa que Carlos Solano habita e a casa que habita no coração dele.

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