Publicidade

Provocações do bem

Ao transformar a cidade em galeria de arte, ele sequestra o olhar e instiga a população a refl etir sobre as agruras do planeta e o abandono das metrópoles

Dong Hyun Sung – Eduardo Srur
Eduardo Srur, proprietário da Attack Intervenções Urbanas, na capital paulista, é o artista por trás das garrafas PET gigantes no Rio Tietê, dos caiaques tripulados por bonecos no Rio Pinheiros e outros seres de plástico sobre trampolins instalados em pontes. Suas motivações? Aguçar a reflexão.
1- Como você se apropria do espaço público?
Procuro as prefeituras ou os órgãos responsáveis pelo local no qual quero interferir e também a iniciativa privada, cujos recursos viabilizam as obras. Muitas vezes, encontro resistências porque concebo projetos que trazem uma provocação aos erros da sociedade. Mas o papel da arte é esse: provocar pensamentos fora da zona de conforto. O que, não raro, incomoda as autoridades e os patrocinadores, que hesitam entre apoiar ou não.  
2- A arte pode mexer com as pessoas de tal forma a favorecer um futuro mais verde?
Busco, de forma simbólica, criar condições para a reconexão do homem com a natureza dentro do espaço urbano, um lugar tão difícil para encontrar essas conexões. Meu trabalho contribui para um futuro mais sustentável, talvez, num aspecto lúdico, fazendo com que o cidadão passe a enxergar de novo um rio poluído, uma ponte de concreto ou um hospital abandonado e comece a refletir sobre o assunto.
3- Temperar as intervenções com humor e crítica social é o segredo para atingir a grande massa? 
O humor é um bom caminho para me aproximar do público, mas não de forma debochada. Procuro despertar o senso crítico das pessoas com esse equilíbrio. Uma das mágicas da intervenção urbana é o fato dela atingir a todos indistintamente. Qualquer pessoa impactada pela mensagem que transmito tem a possibilidade de se aproximar desse maravilhoso universo da arte e de responder a isso com a sua interpretação.

Publicidade