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Oscar Quiroga – Claus Lehmann
É proverbial a afirmação de que a nós, humanos, não seria possível experimentar a perfeição. Seríamos entidades truncadas, feitas pela metade, destinadas a estar
aquém das maravilhas que imaginamos. Mas fica a questão: se imaginamos a perfeição da beleza sublime, se ansiamos a correspondência perfeita da paixão, se nos
motivam ideais elevados de uma sociedade justa e verdadeira, devemos nos contentar com menos do que isso?
Esse é um tema importante para discutir nesse período específico do ano. No início de junho, Marte ingressa em Câncer, que recebe o Sol no dia 21 e logo mais, no
dia 23, a Lua será Nova nele. Todos esses eventos estimulam a imaginação e nos motivam a buscar o belo, justo e bom. Vale lembrar que pelo signo de Câncer circula o
ideal divino de perfeição.
Para um sem-fi m de pessoas ela é ansiada como a experiência passional, pois, quando duas pessoas se apaixonam, vivenciam o momento único de estarem unidas
e em sincronia, sem questionamentos, sem críticas, sem vieses ou rusgas que distanciem. Haverá também quem sentirá ferver seu coração de vontade de canalizar
ideais que melhorem a vida social, podendo se expressar através da política, de organizações beneficentes ou mesmo por meio de pesquisas científicas que busquem
produzir bem-estar à humanidade.
Não será menor a quantidade de pessoas que enxergará nas experiências místicas o ideal que o coração pressente estar disponível nesta época do ano, muitas delas
buscando se aproximar dos seres que veneram em orações para se tornarem porta-vozes de informações elevadas. Porém, entre a perfeição sonhada e a obra consumada estamos nós, os que potencialmente são capazes de fazer milagres e demonstrar que a perfeição é possível, mas que nem sempre têm paciência ou persistência para alcançar.
Por isso, é também nesta época que o desânimo nos afeta. Especialmente aqueles de nós que, tomados por visões magníficas, vão logo afirmando que nunca conseguirão
se aproximar do desejado e, por isso, desistem. Há ainda os que descambam para o radicalismo destrutivo, pois imaginam que, em vez de persistirem na realização de suas visões, devem dedicar-se a destruir tudo que se apresenta como o oposto do que imaginam.
E assim, não raramente, vamos todos parar nos ambientes terapêuticos onde, por uma questão de bom senso, diante dos ideais de perfeição que apresentamos e a dificuldade – ou ainda quase impossibilidade de realizá-los –, nos é recomendado que abaixemos a bola e nos adequemos às nossas imperfeições. Só que não. Se a perfeição é imaginada por nossa humanidade é porque somos responsáveis por nos aproximarmos constantemente dela, com paciência e persistência.
Afinal, obras perfeitas como as estátuas de Michelangelo não foram produzidas do dia para a noite, mas como resultado de muito esforço.

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