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Não há nada mais digno do que a liberdade

Lembrar que é possível escolher caminhos e opiniões, sem estar sujeito a arbitrariedades externas, tranquiliza o espírito e fortalece a ética

Monja Coen – Reprodução/ Facebook

Houve um grande filósofo chinês que caiu em desgraça na corte e foi desterrado pelo imperador. Mais tarde, o imperador, compreendendo seu erro e descobrindo as intrigas que o fizeram mandar para longe seu conselheiro leal, pediu a seus atendentes que o fossem buscar, pois havia um cargo importante para ele na corte. Ele receberia honras, riquezas. Oferecessem o que fosse necessário. 

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O imperador o queria de volta. Foram encontrar o grande filosófo e conselheiro pescando calmamente à beira de um rio. Fizeram todas as ofertas. O que ele precisasse. O imperador lhe daria tudo o que quisesse. Seria respeitado e reverenciado por toda a corte. O sábio disse: “Num local sagrado estão as relíquias de uma grande tartaruga. A maior até hoje encontrada e vista. Ela está em um local lindo e é muito bem tratada. Todos a homenageiam. Ela recebe grandes honrarias, mas nunca pode se aproximar da lama. O que vocês escolheriam: ser uma tartaruga que recebe fortunas, honras e homenagens em um local limitado ou ser uma tartaruga que pode colocar a cauda no lodo?”. Os cortesãos não souberam o que responder, e ele disse: “Pois eu prefiro ficar com a cauda no lodo”.
Às vezes, deixamos de apreciar a nossa liberdade de ir e vir, a liberdade de poder pensar, ter opiniões e escolhas, para nos submeter a situações de aparentes riquezas e honrarias. Não há nada mais honrado e digno do que a liberdade.

Como sou idosa, lembro-me de uma época em que não votávamos para eleger nossos administradores públicos. Também morei muito tempo no exterior. Quando finalmente voltei ao Brasil, com que alegria fui votar. Fiquei comovida. Mesmo que meu candidato ou candidata não se elegesse. Poder votar é uma honra. Há pessoas que consideram a política uma atividade suja e feia. Política é nossa vida. Nossos acordos familiares, sociais, profissionais. Participar da política de um país, seja votando, fazendo campanha ou se tornando político, é pensar no bem comum. Há muitos, em todo o mundo, que se perdem. Esses não são bons políticos. Nem mesmo políticos são. Mas nem todos são assim. Os países continuam sendo administrados e sempre há pessoas hábeis. Meu pai foi Secretário das Finanças da cidade de São Paulo e Secretário da Fazenda do Estado de São Paulo. Diziam que ele era uma flor no lodo, como a flor-de-lótus. A qualidade da flor-de-lótus é a de não se macular. Ela vive do lodo. Sua raiz, branca e imaculada, está no lodo.

E você? Como age, pensa e fala? É facilmente corrompido? Vende-se por valores mundanos? Troca falsidades? Não é fácil ser coerente com nossos valores. Algumas pessoas nem sabem o que são valores éticos. A necessidade é educar. Educar para que tenhamos pessoas capazes de criar, manter e preservar políticas públicas que beneficiem todos os seres