São Jorge: entenda porque o santo é adorado por mais de cinco religiões

São Jorge, o padroeiro do Rio de Janeiro e da Inglaterra, é conhecido por ser o santo guerreiro. Apesar de não haver registros históricos sobre ele, diversos relatos passados de geração para geração, narram seus feitos. Essas lendas fazem com que a sua figura seja assimilada à ideia de que o bem sempre vence o mal. Por essa característica, seis religiões veneram o santo. Entenda:

São Jorge, o guerreiro

Com nome de origem grega, que significa agricultor, São Jorge nasceu na Capadócia, atual Turquia, por volta do ano 280, em uma família religiosa. Já na vida adulta, ele teria mudado para a Palestina e se alistado no exército de Diocleciano. Pouco depois, em 303, o santo virou uma figura representativa após lutar contra a perseguição aos cristãos e doar seus bens para os pobres. Por isso, o padroeiro teria sido torturado e decapitado no dia 23 de abril.

A atitude, no entanto, fez com ele fosse citado como mártir em uma epígrafe grega do ano 368. Entretanto, foi somente durante as Cruzadas – expedições em que cristãos europeus viajavam até a Palestina para conquistar Jerusalém – que o religioso ganhou reconhecimento. Isso porque, nesse período, os fiéis exaltavam os santos associados à cultura militar e os viam como seus protetores.

Desta forma, São Jorge se tornou o padroeiro dos cavaleiros, soldados, escoteiros, esgrimistas e arqueiros na Igreja Católica. Outras narrativas, contudo, contribuíram para fortalecer sua imagem de bravura. Um exemplo é a história em que o santo teria salvado uma princesa de um dragão. “O animal sintetiza a ideia da maldade, do inimigo que está à espreita no plano espiritual ou material, que te acossa no cotidiano. Acho que São Jorge ganha essa fama justamente por causa da simbologia guerreira, bélica, por ser um santo muito articulado com o imaginário de batalhas”, explicou o historiador Luiz Antônio Simas, à ‘Agência Brasil‘.

Diferentes crenças

Com sua popularização, os fiéis da Igreja Ortodoxa e Anglicana também passaram a adorá-lo. No entanto, ele ganhou maior destaque no Islã e nas religiões de origem africana, como a Umbanda e o Candomblé. De acordo com o Vaticano, os mulçumanos o viam como uma profeta. “Há quem diga que é um personagem que aparece no Alcorão, chamado Al-Khidr. Ele seria São Jorge. Tem a multiplicidade por ter esse perfil guerreiro, é o vencedor de demandas”, explicou ao portal.

Já nas de matriz africana, o religioso está constantemente associado a Ogum. Mas, segundo estudiosos, São Jorge não representa a entidade. “Para nós do Candomblé e da Umbanda, já temos consciência hoje, que esse santo não é Ogum. Por um motivo histórico e cronológico. São Jorge existiu na Capadócia há dois mil anos. Já o outro surgiu há mais de 10 mil anos na cidade de Ire, na Nigéria. Naturalmente, São Jorge é um filho pródigo de Ogum, mas não é o próprio”, detalhou a socióloga Flávia Pinto, em entrevista à Agência.

Presente em diversas crenças, sua figura é uma das mais recorrentes no dia a dia dos devotos. “São Jorge pertence ao rol do que eu chamo de santos do cotidiano. Aqueles dos milagres diários. Como Santo Expedito, das causas urgentes. Ele é um santo da rua”, afirmou Simas.

Oração

“Ó São Jorge, meu Santo Guerreiro, invencível na fé em Deus, que trazeis em vosso rosto a esperança e confiança, abre meus caminhos. Eu andarei vestido e armado com vossas armas, para que meus inimigos tendo pés não me alcancem, tendo mãos não peguem, tendo olhos não me enxerguem nem pensamentos possam ter para me fazerem mal. Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrarão sem ao meu corpo chegar, cordas e correntes se arrebentarão sem o meu corpo amarrar. Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estendei vosso escudo e vossas poderosas armas, defendendo-me com vossa força e grandeza. Ajudai-me a superar todo desânimo e a alcançar a graça que vos peço (fazer o seu pedido). Dai-me coragem e esperança, fortalecei minha fé e auxiliai-me nesta necessidade. Amém”.