Suplementação de ferro é fundamental durante a gestação?

Deficiência do ferro na gravidez tende a ser prejudicial à gestante e ao feto, acarretando problemas de saúde que podem se prolongar pós-parto

Suplementação de ferro é fundamental durante a gestação?
Suplementação de ferro é fundamental durante a gestação? – Freepik/Racool_studio

O ferro é fundamental para a gravidez e o pleno desenvolvimento do feto. Nesse sentido, o responsável pelo acompanhamento pré-natal necessita observar com muita atenção os níveis deste elemento no organismo da gestante durante o período, fornecendo a suplementação, se necessário.

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Conforme aponta a médica obstetra Dra. Bruna Pitaluga, que atua há mais de 20 anos na área, a importância do ferro é tão reconhecida que, talvez, seja o micronutriente com menos controvérsias em relação às recomendações de suplementação durante o período gestacional.

Suplementação de ferro é fundamental durante a gestação?

Devido a sua relação com o sangue, é preciso ficar de olho no ferro durante o período de gestação. O elemento atua na produção de hemácias, células sanguíneas responsáveis pelo transporte eficaz de oxigênio no corpo.

Segundo Bruna, quando uma mulher engravida, o volume de sangue dobra para haver a plena oxigenação e fornecimento de nutrientes à placenta, especialmente a partir da 28ª semana de gravidez, quando existe uma demanda metabólica acentuada para o feto. “Ademais, o aumento é imprescindível para o cérebro, o órgão com maior consumo de oxigênio durante essa etapa fetal”, diz.

Avaliação da deficiência de ferro no organismo da gestante

A médica obstetra explica que, para avaliar a deficiência de ferro, utiliza-se como padrão a quantidade de ferritina. “Trata-se de uma proteína essencial de reserva do ferro, encontrada em todas as células do organismo”, comenta. Conforme Bruna, a ferritina reflete diretamente o nível de ferro estocado no corpo, sendo um dos parâmetros utilizados para diagnóstico diferencial da anemia ferropriva, detecção do excesso de ferro e avaliação do estado férrico.

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Na gestação, os níveis de ferritina precisam ser superiores a 75 mcg/dL, principalmente para o neurodesenvolvimento fetal. Segundo a médica obstetra, apesar de o volume sanguíneo da gestante começar a aumentar consideravelmente na passagem do segundo ao terceiro trimestre de gravidez, quando o bebê já está mais desenvolvido, o controle do ferro deve ser feito já no primeiro trimestre.

“O ferro não é negociável no começo da gravidez. Se a ferritina estiver abaixo de 75 mgc/dl, já deve ser iniciada a suplementação que necessita ser feita adequadamente para cada gestante, de maneira individualizada”, explica a profissional.

Se a gestante adentrar ao terceiro semestre, sem ter feito um depósito apropriado de ferro no primeiro e segundo trimestres, o índice de ferritina cairá a níveis muito baixos, o que pode dificultar a suplementação adequada do micronutriente.

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Como é realizada a suplementação do ferro?

A suplementação do ferro durante a gestação é realizada, em um primeiro momento, de maneira oral. “Se a deficiência de ferro persistir, mesmo após a reposição oral, o ferro intravenoso deve ser prescrito”, diz a médica obstetra. Ademais, segundo Bruna, os recém-nascidos devem ser examinados e tratados para identificação após o nascimento para evitar danos neurocognitivos permanentes.

A médica obstetra reitera que a suficiência de ferro é vital durante toda a gravidez, especialmente a partir da 32ª semana de gestação, quando se inicia a mielinização rápida do cérebro, e ao longo da infância. “A falta deste micronutriente tem sido associada a doenças mentais e funções neurocognitivas prejudicadas, como memória insuficiente e processamento neural mais lento e com permanentes efeitos cognitivos e comportamentais mensuráveis até os 19 anos de idade, mesmo com reposição de ferro pós-natal”, declara.

Dra. Bruna destaca como a deficiência de ferro durante a gravidez pode ser prejudicial também à gestação e à saúde da gestante. “A anemia por deficiência de ferro aumenta a morbidade materna e o risco de resultados adversos na gravidez, incluindo restrição de crescimento intrauterino, prematuridade e baixo peso ao nascer”, finaliza.

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