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A arte de sonhar

Normalmente, aquele anseio mais sincero e que parece inacessível precisa de duas medidas para se tornar real: autoconfiança e atitudes simples

A arte de sonhar – Shutterstock
Você já deve ter ouvido – ou dito para si mesmo – aquela famosa frase: “Deixe de ser sonhador, acorde para a realidade”. Essa máxima parece colocar o sonho na dimensão do impossível, do inviável. Ainda assim, penso que a história da humanidade é, em grande medida, uma tentativa de construir a ponte entre nossos desejos mais ambiciosos e a realidade. Não é fácil, claro. Por isso, vale a pena refletir sobre as ideias de alguns pensadores que tentaram estabelecer essa ligação. Freud, por exemplo. Em 1911, três anos antes da Primeira Guerra Mundial, o pai da psicanálise afirmou que vivemos espremidos entre o princípio do prazer e o da realidade. “Estamos enrascados”, dizia ele, porque a civilização rigidamente regulada (a realidade) avança sem dó nem piedade passando por cima dos anseios individuais de felicidade (o prazer). E quando a gangorra pende demais para o “real”, as consequências são catastróficas. Manifestações de violência bruta, como as guerras, viriam daí.
Freud via no sonho um caminho para o resgate (individual e coletivo) do ser humano. E o sonho de construir uma vida melhor começa todas as noites quando você deita a cabeça no travesseiro. Mas como encontrar o caminho para dar vida aos desejos do travesseiro? O primeiro passo é abrir o cadeado que dá acesso ao que você tem de melhor, combustível que nos leva à realização. Isso me faz lembrar dos estudantes franceses que tomaram as ruas de Paris em maio de 1968. Eles bradavam: “Sejamos realistas, queiramos o impossível!”. Naquela altura, o planeta buscava o crescimento econômico a qualquer custo. Sacrifícios individuais gigantescos e guerras estúpidas continuavam parte da nossa rotina. Os franceses disseram aos poderosos que queriam colocar a imaginação no centro das suas vidas, transformando-a em fonte de inspiração e poder pessoal e coletivo. Dar asas à imaginação significa lançar suas redes ao mar. Falo isso de cadeira. Em 2012, ano que marcou o início de um novo ciclo na minha vida, cheguei à Capadócia, na Turquia, para concretizar o antigo anseio de plantar uma árvore sagrada de São Jorge ali. Era um momento difícil e eu não sabia exatamente o que deveria fazer para tocar o barco. Mas tinha consciência de que aquela árvore revigoraria minhas forças. Plantei-a em Güzelöz. E, enquanto faziam o buraco no solo, preparei algo que meu coração pediu: um bilhete. Queria que as raízes daquela árvore absorvessem a força do que eu estava sentindo naquele momento: amor, gratidão e esperança. Ou seja, tudo de que a gente precisa para fazer um sonho acontecer.
Então, não perca tempo. Comece agora mesmo. Pense em um projeto que há muito tempo você aspira desenvolver. Escreva uma frase que resuma o seu compromisso com esse projeto e leve-a com você para todos os lugares. Isso ajudará a alimentar esse compromisso internamente e fará você se sentir mais forte para arriscar. Sim, o medo pode aparecer, mas com amor, gratidão e esperança, ele se tornará apenas um companheiro na sua viagem”.

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