A sociedade mudou, os contos de fada, também

Papéis foram mudando e substituindo fraqueza por inteligência e astúcia – iStock

Encantar pessoas de
diferentes gerações e países: adulto ou criança, os contos de fada são parte
fundamental no imaginário infantil. Com enredos mirabolantes e figuras mágicas,
as histórias, ainda que fantasiosas, são levada se aplicadas, de alguma forma,
na vida cotidiana. As pessoas se identificam com o personagem, com suas
características e atitudes, e aceitam o desfecho da história – trama que é
levada para vida pessoal.
            Ao
longo do tempo, os heróis dos contos de fadas foram sempre representados por
príncipes e guerreiros corajosos que salvavam uma bela princesa indefesa ao
final. Aos poucos, os papéis foram mudando, e sutilmente sendo substituídos
pela inteligência e astúcia das princesas, antes fracas e coadjuvantes. Essa
mudança gradual ocorrida nos contos é tema do livro A heroína dos contos
infantis: do era uma vez ao agora, de Hellen Cristina Aleixo Azeredo Moura, que
analisou as mudanças do conceito de herói ao longo da modernidade.
            Originalmente transmitidos oralmente,
adaptações ocorreram nos contos originais e mudaram sua linguagem literária,
que acompanha as tendências da sociedade. A autora analisa histórias como a da
A bela adormecida e Rapunzel, enredos que eram mais complexos do que os
conhecidos nos contos de fada. A necessidade de mudança dessa narrativa pode
ser vista também no cinema: as verdadeiras histórias desses dois contos de fada
foram adaptados para o cinema nos filmes da Disney Malévola e Enrolados.
            Mais do que uma jornada pela mudança
da linguagem dos contos de fada, o livro
mostra que nem os clássicos estão imunes ao contexto social: o caminho
percorrido pelos heróis – e a forma de contá-los – muda conforme o tempo passa.