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Birdwatching: as aves pedem calma

Não é preciso ter animais de estimação em casa para beneficiar-se do contato com eles. A observação de espécies na natureza pode ser, além de um hobby gratificante, uma atividade terapêutica

Birdwatching – Shutterstock
Os pássaros são o foco de interesse dos que praticam birdwatching. A ideia é chegar o mais perto possível para admirar, escutar e estudar os animais. Tudo isso requer, porém, um exercício de calma, paciência e silêncio para não afugentar a estrela principal. Com movimentos cuidadosos, o ritual da contemplação é o antídoto para a ansiedade e a agitação, além de estimular sentidos como visão, audição e a consciência corporal. “É um exercício físico e mental”, conta Luciano Breves, publicitário, que hoje trabalha filmando pássaros e organizando passeios de birdwatching pela Serra do Mar, um maciço rochoso que percorre quase toda a extensão do litoral Sul e Sudeste brasileiro. “Gosto de observar aves na natureza desde criança. Era a única coisa capaz de frear minha hiperatividade”, diz. 
Mesmo que fotografar um papagaio raro possa ser o maior objetivo do dia, percorrer trilhas ao ar livre é um benefício complementar para o corpo e aumenta a sensação de bem-estar. Segundo Guto Carvalho, organizador do Avistar (evento que reúne os apaixonados pelo tema), a observação de aves pode ajudar as pessoas a tornarem a atividade física mais sistemática – aquele bom motivo para suar a camisa. “O contato com a natureza é terapêutico, as caminhadas e viagens diminuem o estresse e ajudam na circulação sanguínea, na respiração e, obviamente, contribuem para a saúde mental”, elenca. 
Como para observar baleias ou leões, há pessoas que viajam o mundo em busca das espécies de pássaros. Mas para começar não é preciso ir longe. Há grupos que se reúnem no Jardim Botânico do Rio de Janeiro ou no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Nessas andanças, pode-se conhecer, entre outros, o tucano-de-bico-verde, a araponga, o joão-de-barro, o sabiá-laranjeira, o socó-dorminhoco, o bem-te-vi, a garça branca, a garça cinza e muitos mais. O chamado “urban birding” é acessível e comum também em cidades como Nova York, centro nervoso e cultural dos Estados Unidos. “Nos parques urbanos podemos encontrar mais de 200 espécies de aves”, explica Luciano, que usa seu site (ornithos.com.br) para transmitir ao vivo imagens e sons de pássaros para quem quer, por exemplo, trabalhar acompanhado da natureza. “Recebo muitos relatos de pessoas que se beneficiaram de alguma forma desse contato com as aves, inclusive mães que conseguem acalmar crianças”, relata. 
A observação passa rapidamente, mas a gratificação dos encontros com animais especiais fica. As experiências, depoimentos e fotos são “como um álbum de figurinhas”, segundo Luciano. E a transitoriedade serve de aprendizado para a vida: “Nada dura para sempre, assim como as aves voam inesperadamente”, lembra Guto. 

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