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Central colaborativa

Porque interessa a todos que vivem nela, a cidade tem se revelado o grande laboratório para praticar as novas economias. Vejamos de que maneira

Lala Deheinzelin – Divulgação

Cidades criativas têm práticas que atraem, mobilizam, geram confiança e vontade de fazer junto. E criam ambiente favorável para que as pessoas possam cocriar as soluções que viabilizam os propósitos comuns. Na cidade criativa cada pessoa, iniciativa ou região conhece, comunica e gera produtos e serviços a partir daquilo que tem de único e precioso: seus atributos, saberes e fazeres, criatividade, experiências únicas.

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Nas cidades compartilhadas a sustentabilidade está mais próxima, pois você pode “usar” coisas sem precisar “possuí -las”. Como? Usando as tecnologias da informação e comunicação para mapear espaços, equipamentos, insumos e competências que possam ser compartilhados. E em seguida para criar “aplicativos” ou sistemas que os otimizem, seguindo a tendência da “economia do compartilhar” em que verificam-se os excedentes e criam-se sistemas para seu uso compartilhado. É o caso do airbnb, “maior hotel do mundo” que sistematizou a oferta de espaços domésticos para hospedagem. Mas há todo tipo de iniciativa: compartilhar vagas de estacionamento, carros, ferramentas, espaços de trabalho, roupas de criança ou de festa; habilidades e serviços ( veja quanta coisa legal em consumocolaborativo.cc/. ). 
O compartilhar nos prepara para a próxima etapa: cidades colaborativas, onde tudo possa ser “co”. A própria gestão pública é “co” e o Estado atua como conector, usando seu maior capital – o social – para articular e integrar todas as áreas da sociedade: academia, empresariado, ONGs e criativos unidos para criar ambiente favorável à inovação e à colaboração. Vemos mundo afora a cogestão dos espaços públicos, como praças, hortas urbanas, eventos culturais ao ar livre. Um dos resultados são bairros criativos e colaborativos, com características e sabores próprios originados da diversidade e de interesses compartilhados de seus moradores. 
Já reparou quanta coisa a gente faz usando recursos não monetários? Usando tempo e conhecimento? A cidade solidária consegue atender suas necessidades manejando quatro dimensões da sustentabilidade (chamamos de 4D): financeira, social, cultural e ambiental. E seus objetivos também abarcam quatro dimensões: revelar e gerar conhecimento e criatividade (cultural); melhor uso dos recursos naturais ou tecnológicos (ambiental); gerar mais interação e ação conjunta (social); e, para que tudo isso seja possível, criamos normas e procedimentos simples e baseados em confiança. 
Assim, cidades antes organizadas considerando principalmente o Espaço, agora podem se reinventar considerando o Tempo, talvez o mais escasso e não renovável dos recursos. Numa cidade assim as pessoas dedicam horas, dias, conhecimento e vontade para fazer o que gostam e acreditam. E assim vão cocriando e cogestionando seu espaço. ( Você encontra alguns exemplos nesta rede de Sharing Cities: shareable.net/sharing-cities. ) 
Utopia? Não. A economia solidária permite acessar a abundância disponível na rede. E isso só será possível quando passarmos da competição à colaboração