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Dia da Felicidade: quanto mais felicidade oferecemos, mais realizados e plenos nos sentimos

Quando a gente se preocupa menos consigo mesmo e começa a olhar para o outro, fica mais leve

Dia da Felicidade – Shutterstock
À medida que interagimos com outras pessoas, aprendemos, ensinamos, modificamos e somos modificados. É o que o psicólogo Djalma de Freitas, que integra o departamento de Psicologia Experimental da Universidade de São Paulo (USP), define como o “Vir-a-Ser” (invertendo as sílabas da palavra “servir” e acrescentando um “a”) no outro. “Nem sempre estamos dispostos a nos relacionar com outras pessoas. O equilíbrio seria nunca deixar de pensar em si mesmo, mas também jamais esquecer que o outro está sempre nos oferecendo possibilidades, prazeres, desafios, enfim, chances de desenvolvimento. O garçom Missias de Oliveira encontrou um ponto de equilíbrio fora dos padrões. “Dar satisfação e alegria ao outro é algo que me encanta, acaba com a minha tristeza nos dias mais difíceis, pois na medida em que dou eu recebo”, afirma ele com tamanha alegria que lábios e olhos sorriem juntos.
“Quando eu era pequeno, minha mãe costumava dizer que ‘nosso coração se enche de amor quando fazemos o bem ao outro’ e ela tinha toda razão.” É mantendo esse coração aberto – há 20 anos – aos clientes que frequentam um restaurante na zona central de São Paulo que Missias acabou conquistando simpatia e amizade. O publicitário Marcelo
Romão, frequentador semanal do estabelecimento, explica que o garçom teve uma forte influência na expansão da sua própria generosidade. “O Missias é um sábio. Nem dez faculdades e especializações revelariam o que ele me ensina. É um acolhimento, um amor e respeito tocantes.” Marcelo conta um caso emblemático:
“Era uma quarta-feira e cheguei sem nenhum amigo para almoçar. Estava meio desanimado porque não gosto de fazer as refeições desacompanhado. Quando entrei no restaurante o Missias veio ao meu encontro e disse: ‘Boa tarde, Marcelo! Hoje você está sozinho?’. Ao responder que sim, ele emendou: ‘Pois agora não está mais’.” Nolivro A Oração de São Francisco (ed. Sextante), um dos autores, o doutor em filosofia da educação Gabriel Perissé, escreve que São Francisco de Assis tinha essa gentileza no coração e a demonstrava em tudo o que fazia. “A oração que leva o seu nome, de autor desconhecido, na verdade, foi dedicada a ele porque o santo era o amor onde havia ódio, alegria onde havia tristeza, perdão onde havia discórdia”, explica Gabriel. 
OS PEQUENOS GRANDES GESTOS

As pessoas acham que a única forma de fazer o bem é com trabalho social ou é coisa dos mártires e santos, mas não é. Dê atenção às pessoas, ofereça-se para fazer algo a elas – nem que seja segurar a porta para alguém passar primeiro. “Verá quantas chances tem de praticar aquilo que o santo fez e quanto isso irá fará bem a você”, diz Gabriel. De uma outra forma, foi essa a conclusão que a ateniense, radicada nos Estados Unidos, Arianna Huffington, criadora do mais importante endereço de jornalismo online do mundo, o Huffington Post, chegou. Em palestra na editora Abril, em São Paulo, ela falou sobre o que é e qual o valor do sucesso.
“Independentemente da riqueza e do poder, o mais importante legado que deixamos é uma terceira medida, mais relevante: uma vida de bem-estar com sabedoria, encantamento e doação”, explica ela, que deu o nome de A Terceira Métrica ao seu novo livro (a ser lançado em julho no Brasil pela ed. Sextante). O gerente predial João Carlos Quadrado fez disso o seu modo de viver e se tornou um “viciado em ajudar”, como diz. No edifício onde trabalha, boa parte
do seu dia é tomado resolvendo os conflitos entre os moradores. Alguns pequenos, como vizinhos discutindo porque o gato de um mia e o cachorro do outro late, e outros grandes. “Para todos, uso uma regra: ser paciente, compassivo, fazendo com que um se coloque no lugar do outro e acreditando que o ser humano pode ser sempre feliz.” Foram essas ferramentas que usou quando percebeu um problema grave com um dos residentes, o alcoolismo. “Eu e o síndico
oferecemos ajuda e ele aceitou. Levamos pessoas para limpar seu apartamento, compramos comida e alguns vizinhos deram frutas e doces.” Um deles foi Sonia Merched: “Fico feliz em saber que ele está sóbrio há cinco meses”. Seu João descobriu que essa tal felicidade, que todos nós queremos ter, só é possível alcançar quando saímos de nós mesmos e geramos alguma felicidade ao outro

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