Publicidade

Holofotes voltados para o bem

Se mais notícias positivas aparecerem nos jornais e demais mídias, certamente a confiança das pessoas em dias melhores poderá ser restaurada, defende a norte-americana Judy Rodgers, especialista em comunicação

Judy Rodgers – Divulgação
“Queremos ver exclusivamente o mundo que está desmoronando ou colocar nossas luzes no novo mundo que está nascendo?”, questiona Judy Rodgers, que em setembro participou do debate Criando Confiança na Comunicação, organizado pela Organização Brahma Kumaris, em São Paulo. Sabemos que a mídia tem o poder de direcionar os refletores para o que lhe interessa. Por isso mesmo, destaca a norte-americana, devemos exigir que mais histórias construtivas, engajadas em resgatar o lado luminoso dos indivíduos e das comunidades, passem a circular com maior intensidade. “Se a mídia tem a capacidade de contribuir para a violência, a raiva e o medo do passado, ela certamente tem a capacidade de contribuir para a paz, a compaixão e a coragem no futuro”, defende. Judy é porta-voz do gênero conhecido como “Narrativa Restaurativa”, um tipo de investigação da realidade que revela oportunidades em tempos de ruptura (o termo já norteou reportagens do New York Times , do Washington Post e documentários produzi
dos pela CNN). Afinal, quando a ênfase recai sobre os aspectos sombrios do cotidiano, fica difícil sustentar o otimismo. “Um fluxo excessivo de imagens negativas tem o efeito de entorpecer quem vê e de nos fazer recuar em medo e desamparo”, alerta. 
A pesquisadora prefere olhar para as possibilidades. “A história nos conta que colapsos – pequenos e grandes – são catalisadores para o surgimento de uma nova ordem. Cabe a nós desenvolver a capacidade de vê-las.” Ela chama a atenção para as inúmeras narrativas disseminadas pelas novas mídias que enfocam aspectos promissores relativos a sustentabilidade, inclusão social, superação pessoal, solidariedade. Mas como negar a existência de notícias desanimadoras? “Não se trata de fingir que coisas ruins não acontecem. Mas de cultivar os espíritos que têm a qualidade da compaixão e generosidade, e a visão que pode mostrar o que há de melhor no mundo, mesmo em situações difíceis”, esclarece. Do jeito que os jornais são editados, parece que o mundo não 
tem conserto. Mas coisas boas também acontecem aos montes. Só precisam de mais espaço, defende a especialista. 
A tragédia que assolou a cidade de Newtown, nos Estados Unidos, em dezembro de 2012, mostra que ainda que a escuridão pareça absoluta é possível encontrar um ponto de luz. Na ocasião, um jovem entrou atirando na escola Sandy Hook e matou 26 pessoas, a maioria crianças. Rapidamente as principais redes noticiosas invadiram a cidadezinha ávidas pelos detalhes sensacionalistas. No entanto, o jornal local Newtown Bee optou por abastecer a população também com “narrativas redentoras”. Esmerou-se em noticiar os trabalhos de grupos de apoio e de mutirões para colar mensagens encorajadoras nos postes da cidade. Outros tantos enfoques semelhantes estão à espera de mais espaço. Como ressalta Judy, nos mais diversos planos da vida cabe a reflexão: vamos enaltecer o que obscurece a existência ou as forças que nos elevam e nos fazem melhorar?
A norte-americana Judy Rodgers é diretora-fundadora do Imagens e Vozes de Esperança (IVE), organização global que visa reforçar o papel da mídia como força restauradora da grandeza dos cidadãos e da sociedade – uma iniciativa da Brahma Kumaris World Spiritual Organization, do Center for Advances in Appreciative Inquiry e da Visions of a Better World Foundation. Por mais de 15 anos trabalhou em empresas de comunicação de grande porte. Hoje atua como consultora e coach. É coautora do livro Algo Além da Grandeza (Integrale) e vive nas Montanhas Catskill, no estado de Nova York, onde reflete e escreve sobre o papel da consciência em nossas ações. ivoh.org

Publicidade