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Primeiro paciente vivo a receber rim transplantado de porco tem alta hospitalar

Vinte dias após o transplante de rim, paciente Richard Slayman pôde deixar o hospital, nos EUA. Médico brasileiro foi o responsável pela operação

Primeiro paciente vivo a receber rim transplantado de porco tem alta hospitalar
Primeiro paciente vivo a receber rim transplantado de porco tem alta hospitalar – Reprodução/Instagram/@massgeneral

Recentemente, o mundo se surpreendeu com a notícia de um homem com insuficiência renal que recebeu em transplante o rim de um porco geneticamente modificado. Vinte dias após a operação, nesta quarta-feira, 3, o paciente Richard Slayman, de 62 anos, teve alta hospitalar. A cirurgia ocorreu no Hospital Geral de Massachussets, nos Estados Unidos.

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Nas redes sociais da unidade hospitalar, foi compartilhada declaração de Slayman sobre sua volta para casa. Em conversa, o paciente disse que este momento, ou seja, sair do hospital com um dos atestados de saúde mais limpos que já teve em muito tempo, é algo que ele gostaria que chegasse há anos.

“Agora é uma realidade e um dos momentos mais felizes da minha vida”, completou o transplantado. “Estou entusiasmado por voltar a passar tempo com a minha família, amigos e entes queridos, livre do fardo da diálise que afetou a minha qualidade de vida durante muitos anos. Minha recuperação está progredindo sem problemas e peço privacidade neste momento”, finalizou.

Médico brasileiro comandou transplante com rim de porco

O brasileiro Dr. Leonardo Riella foi o médico responsável por comandar o transplante de Richard Slayman nos Estados Unidos. Em entrevista ao jornal O Globo, Riella falou um pouco sobre sua relação com a cirurgia. “A gente trabalhou meses para que o transplante fosse bem-sucedido. Acho que ver ele saindo do hospital, e ele poder ir para casa com o rim funcionando, foi uma emoção muito grande”, disse.

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Para Dr. Leonardo Riella, que é professor associado de medicina na Harvard Medical School e pesquisador sobre mecanismos de regulação imunológica e o desenvolvimento de novas terapias para promover a tolerância de órgãos transplantados, diz estar convencido de que o xenotransplante, ou seja, a troca de órgãos entre espécies diferentes, é uma solução viável para a escassez de órgãos no mundo.

Atualmente, apenas o Brasil tem aproximadamente 66 mil pessoas na fila de espera por um órgão. Segundo o Ministério da Saúde, conforme dados de fevereiro de 2024, metade do número total, ou seja, 33 mil brasileiros aguardam por um transplante de rim em território nacional.

Como se deu o transplante com rim de porco?

Apesar de parecer inusitado, o tamanho do organismo do porco se assemelha ao humano, considerando, principalmente, a cabeça e o tronco. A maior diferença entre os humanos e porcos está no tamanho das extremidades. Evidentemente, nós, seres humanos, temos braços e pernas mais alongados.

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Assim, a ideia de transplantar órgãos geneticamente modificados de porcos para humanos seria a mais plausível, conforme os estudos a respeito dos xenotransplantes. Como citou Dr. Leonardo Riella, esta seria uma das grandes saídas para a diminuição da fila de espera por órgãos em todos o mundo.

O paciente Richard Slayman, diagnosticado com uma doença renal em estágio avançado, também apresenta diabetes tipo 2 e hipertensão, realizava sessões de diálise. Ele, inclusive, chegou a receber um transplante de rim em 2018 que, infelizmente, foi rejeitado por seu organismo cinco anos após o procedimento.

Para a cirurgia em questão, especialistas retiraram genes do porco que poderiam ser prejudiciais ao corpo humano ou que possivelmente causariam infecções. Ao todo, foram 69 modificações genéticas. Finalmente, em 16 de março de 2024, o transplante foi feito e, felizmente, um sucesso.

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