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O colunista Carlos Sandano – Divulgação
“Viajar é trocar a roupa da alma”, escreveu o poeta Mário Quintana. Por isso, me dei de presente uma viagem à Fátima, em Portugal – conhecida pelas aparições de Nossa Senhora a três crianças pastoras (Lúcia, Francisco e Jacinta), em 1917 –, com uma mensagem principal: rezar ou ligar-se ao bem. Como diz a música do grupo Natiruts: “Se a lua vai brilhar ou se o vento vai soprar, se a chuva vai chover ou se alguém vai amar você… Não vá se preocupar, deixe o destino agir. (…) Porque todas as ruas estão abençoadas com Nossa Senhora em nossas casas”.
Em Fátima, o tempo parou em Deus. Mas esse momento divino também se espalha pelo mundo com a imagem de Nossa Senhora Peregrina, que visita vários países. Diante disso, me ocorreu ter em casa um “objeto peregrino”, dedicado ao bem, que visitasse os vários ambientes, um por vez, e onde fi caria alguns dias, acompanhado de bons votos. O objeto pode ser a imagem de Maria, se a pessoa tiver essa devoção, ou qualquer outro: um enfeite, uma semente, uma pedra. Ao completar a peregrinação, ele seria doado a um amigo que repetiria o processo e, no final, o doaria também. Durante esse tempo, um pedido de oração poderia ser enviado para Fátima, para que o bem se fortaleça em casa: [email protected]  Na viagem, me contaram que no dia 31 de maio celebra-se a Visitação de Nossa Senhora à sua prima Isabel. Quando Ela chega, após atravessar as montanhas, Isabel lhe diz: “Bendita és Tu entre as mulheres!”. Para o monge alemão Anselm Grün, algo vital para o nosso bem é vivenciar encontros verdadeiros e essa visita é uma referência disso. “Passe pela montanha de preconceitos”, ele ensina, e vá atencioso como Maria em direção a alguém distante no coração, que pode até estar dentro de sua casa. “Seja também Isabel”, ele continua, e diga mentalmente a quem encontrar: “Bendito sejas tu, que traz o Divino em si”. De um encontro assim, todos saem modificados. 
Para coroar a visita à Fátima, vivi um momento desses. As casas que foram dos pastorzinhos ficam na vila Aljustrel, próxima ao Santuário. São feitas de pedras e tão baixas que a sensação é de estar muito ligado à terra. Nas casinhas está tudo intacto: móveis, lençóis, objetos pessoais… E margaridas! Eu as admirava quando surgiu uma moça que me disse: “Elas são as lágrimas de Maria diante da situação mundial. Quando tocam a Terra se transformam nessas flores que têm o brilho da vida (o amarelo do miolo) circundado pela força da paz (o branco das pétalas)”. Ela me entregou uma flor e se foi. Na hora, meu coração disparou e senti uma compaixão imensa. No dia seguinte, voltei à vila mas, surpreso, não vi margaridas. Perguntei pelas fl ores e pela moça, das quais ninguém sabia. O que teria acontecido? Nunca consegui responder. Mas fui marcado por esse encontro luminoso e delicado, sensações que também permeiam fortemente o lugar. Ficou a fé em uma força maior que não se vê, mas que, com certeza, se pode sentir.

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