Estudo brasileiro descobre bactéria que ajuda a degradar plástico mais rápido
A pesquisa, publicada na revista científica Science of The Total Environment, apontou que os microrganismos ainda podem ser utilizados na produção de bioplásticos

A pesquisa, publicada na revista científica Science of The Total Environment, apontou que os microrganismos ainda podem ser utilizados na produção de bioplásticos
Em 2018, a Organização das Nações Unidas (ONU) classificou a poluição causada pelo descarte de plástico como um dos maiores desafios atuais. De acordo com um levantamento da revista científica Science, o material, que desequilibra o ecossistema marinho e afeta a qualidade de vida dos humanos, pode levar até 400 anos para se decompor. Pesquisadores brasileiros, no entanto, apontam que estamos perto de encontrar uma solução!
Segundo um estudo, publicado na revista científica Science of The Total Environment, existem bactérias que podem degradar materiais como polietileno (PE) e tereftalato de polietileno (PET). Eles também identificaram que a propriedade pode produzir bioplásticos. A partir de amostras de solo contaminado por esses resíduos, os cientistas identificaram que a comunidade microbiana Pseudomonas sp é a mais eficiente na deterioração do plástico PET.
Ademais, a linhagem é capaz de produzir polihidroxibutirato (PHB), que pode ser utilizado para fabricar embalagens sustentáveis. Esse componente, atrelado ao hidroxivalerato (HV), se torna mais flexível e resistente do que o PHB puro. Além do tereftalato de polietileno, os especialistas ainda apontam que os microrganismos ajudam a combater plásticos mais resistentes.
“Para chegar a esse e outros resultados, nós sequenciamos os genomas de 80 bactérias presentes nas comunidades microbianas. Também identificamos espécies já descritas na literatura e também novas, associadas à degradação de polímeros plásticos. E avaliamos o potencial genético de cada uma em codificar enzimas envolvidas na degradação de polímeros”, explicou o coordenador da pesquisa, Fábio Squina, para a ‘CNN‘.
Além disso, a pesquisa descobriu que as bactérias apresentam outras utilidades. “Os microrganismos podem ser eficazes para a produção de outros compostos químicos com aplicações nas áreas de agricultura, cosméticos e indústria alimentícia”, afirmou.
Os bioplásticos, produzidos a partir de fontes renováveis e biodegradáveis, são uma alternativa para reduzir os impactos ao meio ambiente. Isso porque, segundo profissionais, a sua produção gasta menos energia, além de emitir uma quantidade menor de gases de efeito estufa na atmosfera. Ademais, o material é reciclável e reduz a dependência de petróleo. Outro ponto crucial é que, por ter como base cana-de-açúcar, mandioca ou óleos vegetais, o componente tem chances de expandir no Brasil.
“O potencial de mercado é imenso para os próximos dez anos, mas é preciso uma mudança cultural profunda para que entendamos que o bioplástico será o futuro e não deve ser tratado como um tabu, seja ele compostável ou não”, disse o diretor comercial da Eco Brasil, Fábio Henrique Fajardo, ao ‘Valor Econômico’.
*Texto feito sob supervisão de Helena Gomes