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Poluição: quais os efeitos no nosso organismo e como contra-atacar

Na coluna desta semana, Jamar Tejada comenta os riscos da poluição para o nosso organismo e ensina técnicas para nos protegermos e evitarmos que todos aconteçam

Poluição: quais os efeitos no nosso organismo e como contra-atacar
Poluição: quais os efeitos no nosso organismo e como contra-atacar – Freepik

Todo mundo sabe que a poluição faz mal à saúde, mas ninguém sabe exatamente como e o que realmente ela afeta. A grande maioria acredita que a poluição faz mal ao pulmão, que “ataca” a rinite e sinusite ou, então, já ouviu que faz mal à pele, mas fica sempre a dúvida sobre como esse mecanismo realmente acontece. O fato é que os danos vão bem além, e só usar uma máscara de proteção não é a solução.

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E se eu te contar que nove em cada dez pessoas respiram ar poluído no mundo? Pois é, são os dados que a Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou em 2018. Isso não é apavorante?

E se, além disso, eu te contar que essa poluição toda mata três milhões e trezentas mil pessoas ao ano no mundo todo e, que se mantiverem os níveis, esse número pode dobrar até 2050?

As principais causas dessas mortes são os efeitos da poluição sobre doenças cardiovasculares e pulmonares e toda essa poluição – à qual estamos constantemente expostos – pode trazer diversos males à saúde, que estão associados a um inimigo comum para o nosso corpo: o estresse oxidativo.

Poluição: por que tão agressiva?

Primeiramente temos que entender um pouco sobre poluição, pois há dois tipos no ar. A primeira é formada pelos gases eliminados no ambiente: ozônio (O₃), o dióxido de nitrogênio (NO₂), o monóxido de carbono (CO) e o dióxido de enxofre (SO₂) – substâncias com alto potencial oxidante, que geram espécies reativas de oxigênio (EROS) e que são os principais radicais livres produzidos nas nossas células.

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O outro tipo de poluição é a gerada pelo material particulado e inclui os resíduos sólidos da queima de combustíveis e os metais pesados que sobram dessa combustão, como o chumbo, por exemplo.

O problema é que essas partículas chegam facilmente até os alvéolos pulmonares quando respiramos e podem entrar na corrente sanguínea, desencadeando uma reação inflamatória que causa ou piora doenças, como infarto do miocárdio e bronquite. Vem daí a mortalidade tão alta.

Entendendo o processo no nosso corpo

O famoso “estresse oxidativo” está ligado diretamente ao processo de envelhecimento. É um desequilíbrio que acontece quando a produção de radicais livres ultrapassa a capacidade antioxidante das nossas células, que estão realizando vários processos metabólicos a todo o momento. Nossas células são como grandes indústrias que produzem energia e utilizam dela para executar diversas funções. E, assim como nas fábricas, são gerados rejeitos que se não forem eliminados de alguma forma, acumulam-se e podem prejudicar o bom funcionamento.

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Imagine alguns sacos de lixo tóxico (no caso, os radicais livres) no meio da fábrica, prejudicando o bom trabalho dos funcionários. Bem, no caso das células, esses resíduos tóxicos começam a atacar outras moléculas, reagindo quimicamente com elas, danificando sua estrutura e comprometendo sua função. Podemos dizer literalmente que é o processo de oxidação que ocorre quando a célula se estressa demais.

E o que isso tem a ver com a poluição? Tudo!

Quanto mais poluído o ar, maior o aumento da produção de espécies reativas de oxigênio que aumentam o estresse oxidativo e a inflamação.

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Por outro lado, nossas células produzem substâncias que as protegem do estresse oxidativo e neutralizam os radicais livres. Essas defesas antioxidantes reagem quimicamente com os EROS, evitando que outras moléculas sejam atacadas. Mas a produção dessas defesas tem um limite, que quando ele é desequilibrado, a célula começa a ser danificada. Conforme o estresse oxidativo aumenta e mais moléculas vão sendo atacadas, a saúde celular piora e são ativados mecanismos pró-inflamatórios em uma tentativa de reverter o quadro. Mas, se a inflamação avança muito, compromete ainda mais o funcionamento celular, e se o dano for muito crítico, ela acaba morrendo e daí se explica todos esses problemas cardíacos e pulmonares que levam a tantas mortes pelo mundo.

Como posso ajudar meu organismo nessa batalha?

É claro que morar em um local de ar puro ajudaria infinitamente, mas isso não é tão simples. Sendo assim, podemos reforçar o lado das defesas antioxidantes do nosso organismo e existem algumas substâncias capazes de contra-atacar gerando resposta antioxidante. Trata-se de moléculas que podem reagir com os radicais livres, neutralizando-os ou estimulando as células a produzirem mais enzimas antioxidantes.

Dentre essas, podemos citar alguns alimentos. Confira alguns:

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Açafrão (ou cúrcuma): A especiaria é lotada de curcuminoides, compostos com ação anti-inflamatória e anti-idade. A cúrcuma é a raiz e o açafrão é a cúrcuma torrada, em pó.

Aveia: Fonte importante de silício que auxilia na estruturação da pele e minimiza o aspecto da celulite. Tem betaglucana, molécula que melhora a circulação sanguínea, dificulta a absorção da gordura pelo intestino e ainda ajuda a eliminar toxinas.

Azeite de oliva: Rico em gorduras monoinsaturadas e rico em propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Dê preferência ao extravirgem, que tem taxa de acidez inferior a 1% e consuma, no máximo, duas colheres de sopa por dia.

Chá de cavalinha, centelha asiática e dente-de-leão: A cavalinha apresenta bom teor de silício e funciona como diurético natural, desintoxica o organismo e reduz o inchaço. A centelha asiática estimula a circulação sanguínea e o dente-de-leão ajuda a eliminar as toxinas.

Frutas cítricas: Limão, lima-da-pérsia, laranja e goiaba contêm a poderosa vitamina C, além de bioflavonoides, que aumentam o tônus das veias e favorecem a microcirculação.

Frutas vermelhas: Morango e uvas vermelhas e roxas possuem proto antocianidina, uma substância que fortalece os vasos sanguíneos e linfáticos e melhora a circulação.

Linhaça: Rica em ômega 3, é um anti-inflamatório natural que auxilia na regulação hormonal. Também faz uma faxina interna, graças ao alto teor de fibras, contribuindo para evitar o acúmulo de impurezas que dificultam a irrigação e favorecem a celulite.

Sugestão: tenham sempre em mãos a linhaça triturada para salpicar sobre a salada, de preferência batida no liquidificador pouco antes de sair para comer fora de casa. Isso porque, as sementes oxidam e perdem boas doses de ômega 3.

Mamão e abacaxi: com propriedades antiedema, além de enzimas proteolíticas, que ajudam a digerir proteínas que, para algumas pessoas, podem detonar alergias capazes de estimular a formação de adipócitos (células de gordura).

Melão: Atua na alcalinização do pH sanguíneo (é anti-inflamatório), sobretudo se ingerido com as sementes, que podem ser trituradas, garantindo maior fornecimento de fibras.

Óleo de gergelim: Grande fonte de vitaminas, em especial a E, que atua como antioxidantes e, assim, protegem as células da ação dos radicais livres. Também tem ação anti-inflamatória.

Peixes (salmão, atum, sardinha e arenque): são ótimas fontes de ômega 3, gordura que também entra na tropa de choque contra a osteoporose.

Pepino: Diurético natural, alcalinizante e anti-inflamatório que ajuda a eliminar as toxinas, é rico em vitaminas A e C, além de sais minerais.

Sálvia: Ajuda a regular os hormônios femininos, sobretudo o estrogênio, que está intimamente relacionado à celulite.

Semente de abóbora: Ajuda a tornar o pH do sangue mais alcalino e assim afasta as inflamações. A semente de girassol, outro poderoso antioxidante, pode ser preparada da mesma forma.

Suco de uva integral: Além de antioxidante, possui uma ação anti-inflamatória importante.

Antioxidantes em cápsulas?

E se você não se alimenta bem? Além da alimentação, os antioxidantes também podem ser consumidos através da suplementação e daí você tem que pedir uma ajuda ao seu médico, farmacêutico ou nutricionista.

Os suplementos que estimulam a produção das enzimas chamadas superóxido dismutases (SOD), catalase (CAT) e glutationa peroxidase (GPx) – que são nossas principais defesas antioxidantes – estão sendo cada vez mais procurados, devido ao seu potencial promissor na prevenção de inúmeras doenças. São várias as opções disponíveis hoje no mercado. Aliás, esse tipo de suplementação está cada vez maior e são lançados no mercado praticamente mensalmente. Isso e uma resposta ao ambiente cada vez mais tóxico que vivemos.

Lembre-se que a suplementação pode contribuir de inúmeras maneiras para a sua saúde, por exemplo, auxiliando no combate dos efeitos prejudiciais que a poluição causa. É claro que eu tenho os meus preferidos e faço uso diário, mas essas cápsulas são complementos e não substitutos de uma boa alimentação. Até porque, não somos astronautas!