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Apadtógenos: plantas que aumentam a nossa resistência em combate ao estresse

Os apadtógenos são extratos que ajudam nosso organismo a se adaptar melhor ao estresse, reduzindo o seu impacto, explica Jamar Tejada na coluna desta semana

Apadtógenos: plantas que aumentam a nossa resistência em combate ao estresse
Apadtógenos: plantas que aumentam a nossa resistência em combate ao estresse – Foto de Nataliya Vaitkevich no Pexels

A ansiedade passou a ser palavra corriqueira nos dias atuais. Quem não sofre com ela, ou vive em um mundo paralelo, ou está dentro de uma bolha!

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É quase impossível não ser ansioso nessa época pós-pandemia. Com varíola dos macacos por aí, ameaça de guerra nuclear e ainda uma guerra que parece não ter fim. Estranho mesmo seria não se abalar com todo o caos que estamos vivendo.

De mãos dadas com a ansiedade estão os medicamentos controlados, usados para “baixar a bola”, para “subir a bola”, para dormir, para acordar, para esquecer, para lembrar e assim segue o fluxo conforme o andar da carruagem.

Felizmente, cada vez mais profissionais de saúde têm usado uma nova classe de medicamentos sem tantos efeitos colaterais. São plantas já utilizados há séculos pela medicina chinesa e ayurvédica, ditos fitoterápicos com ação adaptógena. Você já ouviu falar?

Apadtógenos: plantas que aumentam a nossa resistência em combate ao estresse

Adaptógenos se referem aos extratos de plantas que ajudam nosso organismo a se adaptar melhor ao estresse, reduzindo o seu impacto na nossa saúde. Se fosse criar uma definição poderia se dizer que uma planta adaptogênica, ou adaptógena, possui substâncias capazes de aumentar a resistência do organismo frente a fatores estressantes, sejam eles físicos, emocionais ou ambientais. Assim, melhoram o nosso desempenho sem provocar tanto desgaste.

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A suplementação com fitoterápicos adaptógenos pode ser uma estratégia eficaz, além de natural, para nos deixar melhor preparados para encarar todo esse estresse que estamos vivendo. A maioria das pessoas acredita que o estresse só gera cansaço, mas não: ele afeta diretamente as células do nosso corpo.

Quando somos expostos a um agente estressor, nossas células saem do seu estado de equilíbrio, que chamamos de homeostase, e assim, o nosso equilíbrio funcional é comprometido, já que o metabolismo celular será modificado para lidar com o estresse. Se entramos, por exemplo, em contato com um vírus, as células do sistema imunológico serão recrutadas para eliminá-lo. Para isso, essas células precisam aumentar o seu metabolismo para produzir uma grande quantidade de moléculas necessárias para destruir o vírus.

O problema é que, ao aumentar o seu metabolismo, as células acabam gerando também algumas moléculas tóxicas. Imagine uma fábrica de sabonetes que, apesar de cheirosos, ao serem produzidos acabam gerando também resíduos que intoxicam o ambiente. O mesmo ocorre no nosso organismo. Quando essa “produção” aumenta muito, são gerados muitos resíduos e, no fim, se as células não conseguirem dar conta de expurgá-los, podem acabar se intoxicando.

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Muito se ouviu falar dessa ação com a covid-19, onde nosso próprio sistema imunológico produzia tanta defesa que acabava por nos prejudicar, resultando num grande estresse oxidativo. Quando o metabolismo de uma célula aumenta de maneira acentuada são gerados muitos radicais livres, que acabam desestabilizando outras moléculas (como membranas lipídicas e ácidos nucleicos) e prejudicando o funcionamento celular. Ainda, se o organismo não dispuser de mecanismos compensatórios suficientes para neutralizar esses radicais livres altamente reativos (como enzimas ou moléculas antioxidantes endógenas), a célula se intoxica e pode acabar morrendo.

Como agem os fitoterápicos adaptógenos?

Os fitoterápicos adaptógenos auxiliam justamente nessa neutralização dos radicais livres. Isso acontece através de um reforço nos mecanismos compensatórios celulares, pois algumas substâncias conseguem induzir uma maior expressão de enzimas antioxidantes no nosso organismo. Além desses mecanismos compensatórios que atuam ao nível celular, os adaptógenos também podem atuar de maneira sistêmica regulando níveis hormonais.

Efeitos do estresse prolongado

O estresse gera outros efeitos no organismo com elevação dos níveis séricos de cortisol, o conhecido “hormônio do estresse”, auxiliar na resposta a uma situação estressante. Mas se os níveis de cortisol se mantêm elevados por longos períodos, ele pode desencadear vários efeitos negativos ao organismo, como comprometimento do controle da glicemia e da lipemia, redução à eficiência da imunidade, danos na parede de vasos sanguíneos e prejuízo na capacidade de raciocínio e a formação de memórias.

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Dentre as várias doenças que podem ser desencadeadas, podemos citar doenças metabólicas, como a diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e a depressão. Pode se dizer que, se o nível do estresse oxidativo atingir níveis muito altos nas células, elas podem se intoxicar e acabar morrendo – ou seja, as células morrem estressadas, literalmente.

Passar por esses fatores estressantes desregula a liberação e a ação dessas importantes substâncias responsáveis por manter o nosso corpo ativo e em funcionalidade. As plantas adaptógenas podem agir promovendo um efeito que gera um estresse suave, estimulando uma ação contínua e adequada dos mediadores, para evitar que eles sejam convocados de forma “agressiva” pelo corpo quando surge a necessidade.

Qual a principal diferença entre as plantas adaptógenas para as demais?

A principal diferença está no fato das plantas adaptógenas não terem um mecanismo de ação bem conhecido pelos estudos científicos, como a maioria das drogas vegetais, como locais e formas de atuação no organismo determinadas. Acredita-se que as plantas adaptógenas atuem por diversos sistemas, responsáveis em conjunto por ses efeitos benéficos e protetores.

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Outro diferencial dos fitoterápicos adaptógenos é que eles contêm misturas altamente complexas de compostos químicos que, muitas vezes, estão presentes em proporção ideal para diminuir o risco de intoxicação quando comparado à administração de uma substância isolada e concentrada. Essa combinação rica também pode trazer o sinergismo de diferentes compostos, resultando em um efeito maior, ou até mesmo em mais de um benefício.

Além de auxiliar no alcance da homeostase – que é o equilíbrio do organismo – os adaptógenos proporcionam ao corpo uma boa recuperação, procurando fortalecer a vitalidade ao mesmo tempo em que promove o bem-estar.

A seguir, algumas das mais utilizadas plantas adaptógenas e seus principais benefícios:

• A Ashwagandha, ou Ginseng indiano, tem sido utilizada há séculos pela medicina ayurvédica para aumentar a longevidade e vitalidade. Pesquisas comprovam que os constituintes terapêuticos dessa planta apresentam atividade antioxidante, antitumoral, anti-inflamatória, afrodisíaca, estimulante, imunomoduladora e antiestresse. Por isso, tem-se mostrado eficaz no tratamento coadjuvante dos sintomas do estresse, depressão e ansiedade em indivíduos saudáveis e excelente efeito neuroprotetor, sendo uma alternativa para auxiliar no tratamento de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer e o Parkinson.

• A Ginkgo biloba L. é uma árvore de origem oriental que atua no metabolismo cerebral, aumentando o fluxo sanguíneo em diversas estruturas, diminui a viscosidade sanguínea, além de possuir propriedades antioxidantes que combatem os radicais livres. Atua também melhorando a aprendizagem, o desenvolvimento psicomotor e a memória, inclusive em idosos e pacientes com Alzheimer.

• O Ginseng é a raíz de Panax ginseng, de origem asiática, considerada o adaptógeno com o maior número de estudos comprovando sua eficácia, indicada como tônico geral, preventivo contra esgotamento físico e mental, para melhora do desempenho e resistência física, melhora das funções cognitivas, como imunomodulador, anti estresse, afrodisíaco, útil na disfunção erétil e como medicamento geriátrico para melhorar a disposição física, em geral.

• A maca peruana ou Lepidium meyenii é uma raiz amplamente utilizada na medicina complementar para tratar infertilidade, redução de libido, falta de vigor físico (combatendo as dores musculares), distúrbios da memória e sintomas da menopausa. Também utilizada no tratamento de hiperplasia benigna de próstata e osteoporose, para otimizar o metabolismo e prevenir os sinais de envelhecimento. Apresenta numerosas indicações como energético e restaurador físico e psicológico.

• A Rhodiola rósea é uma planta conhecida como “raiz de ouro”, usada como estimulante para aumentar a energia e prevenir o stress, atuando como um “tônico cerebral”, por isso, é utilizado em vários sistemas tradicionais para o tratamento de ansiedade e depressão. Também auxilia na melhora de dores de cabeça e do pulmão, para eliminar a fadiga e melhorar a capacidade de trabalho. Tem ação antioxidante sobre neurônios, aumenta a liberação de serotonina, noradrenalina e dopamina além de aumentar a captação e consumo de oxigênio.

Existem ainda outras plantas adaptógenas que você pode pesquisar: Asphaltum, Astragalus, Bacopa, Gyntemma, Licorice, Manjericão -Santo, Moringa oleífera e Shatavari são algumas delas.

Apesar dos efeitos dos fitoterápicos adaptógenos encherem nossos olhos, cada organismo responde de forma única e singular e seus efeitos podem variar de pessoa para pessoa, por isso, não se automedique! Busque o auxílio de um profissional de saúde qualificado, procure seu médico, farmacêutico ou nutricionista para juntos escolherem a planta mais adequada as suas necessidades. Bom tratamento!


Fontes:

Sociedade Brasileira de Medicina Farmacêutica (SBMF). Plantas adaptógenas. Autor: Fúlvio Rieli Mendes. Agosto, 2016. Disponível em: http://docplayer.com.br/48446626-Plantas-adaptogenas-agosto-2006.html
Barbosa, W. W. Plantas adaptógenas: uma alternativa no combate ao estresse e fadiga mental. 2017. 27 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) – Unime, Lauro de Freitas, 2017. Disponível em:
https://repositorio.pgsskroton.com.br/bitstream/123456789/15461/1/WILLIAN%20WILBER%20SACRAMENTO%20BARBOSA.pdf

Adaptógenos ajudam a reduzir os impactos do estresse. Adaptado de www.shutterstock.com, 2022.

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