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Pesquisadores descobrem estratégia para preservação da fertilidade em pacientes jovens com câncer

Estudo dá esperanças para que pacientes de câncer que ainda não passaram pela puberdade e, logo, não congelam sêmen, consigam ter filhos no futuro

Pesquisadores descobrem estratégia para preservação da fertilidade em pacientes jovens com câncer
Pesquisadores descobrem estratégia para preservação da fertilidade em pacientes jovens com câncer – Flickr/

Quimioterapia, radioterapia e outras terapias comumente usadas no combate ao câncer possuem uma série de efeitos colaterais para o organismo. E uma das principais sequelas desses tratamentos em pacientes homens é a diminuição da fertilidade.

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“A perda das funções das gônadas, isto é, dos testículos no caso dos homens, é uma das principais complicações de procedimentos como a quimio e radioterapia, o que prejudica a produção e qualidade dos espermatozoides com consequente diminuição da fertilidade, que, em muitos casos, pode ser permanente”, explica o Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana.

Esse tipo de sequela, apesar de ser pouco lembrada no momento do tratamento, pode causar grandes impactos na vida do paciente em momentos futuros, quando deseja iniciar uma família. Por isso, hoje, existe a possibilidade de homens diagnosticados com câncer congelarem o sêmen para ser usado posteriormente em procedimentos de fertilização. No entanto, essa não é uma opção para pacientes que ainda não passaram pela puberdade, já que ainda não produzem espermatozoides.

A boa notícia é que, em artigo publicado na revista científica PLOS Biology, pesquisadores da Universidade da Pennsylvania reportaram a descoberta de uma possível estratégia para contornar o problema. Confira!

Pesquisadores descobrem estratégia para preservação da fertilidade em pacientes jovens com câncer

No estudo, os pesquisadores revelaram que tecidos testiculares retirados de ratos e congelados há mais de 23 anos ainda possuíam viabilidade e, após reimplantados, foram capazes de regenerar todo o tecido e produzir espermatozoides de qualidade, um feito nunca antes realizado.

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“Estudos anteriores já haviam mostrado que as espermatogônias, células-tronco localizadas no interior dos testículos desde o nascimento que são responsáveis por produzir esperma após a puberdade, se mantêm viáveis após congelamento de curto prazo. Mas até então não se sabia se essas células poderiam durar por décadas, até, por exemplo, uma criança crescer e estar pronta para iniciar uma família”, diz o especialista.

Para avaliação da eficácia, os pesquisadores compararam essas células com tecidos criopreservados há apenas alguns meses e observaram que as células congeladas há 23 anos foram capazes de se multiplicar e atingir as condições necessárias para produção de esperma, mas não da mesma forma que as amostras colhidas mais recentemente, gerando somente cerca de um terço da quantidade de espermatozoides.

“Logo, ainda não é possível falar na recuperação total da fertilidade, mas vale lembrar que é necessário apenas um bom espermatozoide para que a fertilização ocorra. Então esse já é um grande passo na preservação da fertilidade de pacientes jovens diagnosticados com câncer”, destaca o médico. “Com o avanço das técnicas de congelamento de tecidos, é cada vez mais necessário que os médicos oncologistas estejam cientes dessa opção e que ofereçam aos pais e aos pacientes a preservação da fertilidade antes do início da quimio ou radioterapia.”

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É importante ressaltar ainda que, apesar de essa ser uma abordagem promissora para garantir que pacientes oncológicos que não passaram pela puberdade constituam uma família biológica no futuro, ainda é preciso realizar testes em humanos, que, de acordo com os pesquisadores, devem começar já nos próximos anos.

“Hoje, muitas clínicas oferecem a possibilidade de crianças e pré-adolescentes em tratamento de câncer congelarem o tecido testicular na esperança que a tecnologia e o avanço científico permitam a restauração da fertilidade algum dia. E esse pode ser o passo pelo qual esses pacientes estavam esperando”, finaliza o Dr. Fernando Prado.

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