Não existe postura ideal? Fisioterapeuta explica

Se te contássemos que não existe postura ideal para se sentar, você acreditaria? Então veja o que diz o fisioterapeuta Ney Meziat

Não existe postura ideal? Fisioterapeuta explica
Não existe postura ideal? Fisioterapeuta explica – energepic.com/ Pexels

Quem nunca ouviu uma bronca para sentar direito, se não a coluna iria ficar torta? E se te contássemos que não existe postura ideal? O fisioterapeuta Ney Meziat, explicou quando e por que surgiu esse conceito e revelou o que fazer. Confira todos os detalhes:

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Crença surgiu em 1977

Primeiramente, tudo começou em uma crença que já existia em 1977, quando o psiquiatra e pai do modelo biopsicossocial, George Engel, publicou um artigo na revista Science sobre a visão do corpo como um instrumento fraco e imperfeito, com a função de transferir a alma desse mundo para o próximo, na visão do cristianismo. “Essa é apenas uma hipótese para essa visão que muitos profissionais da saúde possuem. Eles pensam que a coluna é frágil e precisa ser vigiada e protegida”, especula.

Não existe postura ideal?

Mudar a pose é sempre o mais recomendado, incluindo esta posição torta ao sentar, pois é um mecanismo natural de proteção do nosso corpo. “Variamos a postura como um rodízio para os músculos e articulações. Adotar sempre a mesma pose, por exemplo, mantendo a lordose lombar, porque algum profissional de saúde recomendou, acaba com essa variação natural do corpo, e isso sim seria prejudicial. Os bons estudos científicos não mostram que o tipo de postura sentado seja um fator de risco para o surgimento de dor nas costas”, esclarece.

O ‘pescoço de texto’ é um mito?

Certamente, já escutou alguém dizer que se ficasse com o pescoço muito envergado, poderia entortá-lo, mas adivinha só? Isso também é um mito. “Esse jeito de se acomodar parece ser apenas uma maneira de relaxar os músculos da coluna cervical que principalmente pessoas que não têm dor cervical adotam”, conta.

Vale lembrar que, antes dos smartphones, as pessoas passavam alguns momentos de seu dia lendo jornais, revistas e livros. Sendo assim, o especialista realizou pesquisas com seus alunos de mestrado e doutorado para avaliar se o ‘pescoço de texto’ está associado à dor cervical. Resumidamente, ele conseguiu comprovar que não há associação e atesta que outros estudos internacionais reforçam os resultados.

E quanto às hérnias de disco?

No caso de pessoas com hérnias de disco e que sentem dor, vale prestar atenção na forma de sentar durante certos períodos. “Em uma crise aguda de hérnia de disco – com dor na perna relacionada à compressão nervosa – é possível que algumas posturas sejam benéficas para aliviar a dor, o que não significa que essa mesma pessoa não possa voltar a se sentar sem se preocupar, quando estiver fora da crise”, aponta.

Para finalizar o assunto, Meziat ainda acrescenta uma curiosidade: quase da metade das pessoas que não têm dor nas costas, apresentam alterações como hérnias de disco ao realizarem o exame de ressonância magnética.

Afinal, o que faz dar a dor nas costas?

Normalmente, patologias identificáveis raramente causam a dor lombar. “Por essa razão, cerca de 90% são chamadas de inespecíficas; aproximadamente, 1% a 2% são causadas por patologias sérias – como malignidade, fratura vertebral, doença inflamatória e reumatológica – já o restante relaciona-se com a compressão da raiz nervosa por hérnia de disco ou estenose de canal, por exemplo”, explana.

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O que prejudica de verdade?

O fisioterapeuta relata que existem fatores facilitadores para a dor lombar. “Pessoas com condições de saúde, como asma, dor de cabeça e diabetes; que apresentam condições mentais, tais quais ansiedade e depressão; as que seguem adotam ao tabagismo; são obesas e possuem baixos níveis de condicionamento físicos estão propensas a desenvolver a condição”, especifica.

Além disso, o que a pessoa fez anteriormente à crise pode ter alguma responsabilidade na causa, assim como tarefas manuais pesadas.

Cuidados necessários

Prevenir um primeiro episódio de dor nas costas não é tarefa fácil, declara o profissional. “Geralmente, é fruto de uma interação entre fatores biofísicos, a genética pode ser uma opção, psicológicos, sociais – relações familiar e no trabalho ou condição financeira – e estilo de vida, sendo exemplificados com distúrbios de sono e baixo condicionamento físicos. O entendimento do problema e exercício físico regular parecem ser uma forma de prevenção. Para as pessoas que sofrem com dores crônicas, aconselho não ficar hipervigilante em relação à postura, isso não é uma boa ideia”, finaliza.

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E aí, gostou de saber que não existe postura ideal?

 

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Uma publicação compartilhada por MARI KRÜGER (@marikrugerb)