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Coisas da nossa gente

Amante dos livros, do povo e das redes (só dormia nelas), o folclorista Câmara Cascudo registrou o jeito de ser e viver do brasileiro. Dando especial atenção às delícias da nossa cozinha

Coisas da nossa gente – Divulgação/Museu da Língua Portuguesa
“O melhor do Brasil ainda é o brasileiro.” Transbordando otimismo, essa frase só poderia ter sido formulada por um apaixonado pela cultura popular. É assim que o etnógrafo, folclorista e escritor norte-rio-grandense Luís Câmara Cascudo (1898-1986) entrou para a história. Sua trajetória e ampla pesquisa – ele publicou mais de 150 livros – são tema da exposição O Tempo e Eu (e Vc), instalada no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, até 14 de fevereiro. “O pensamento de Cascudo foi construído por um olhar atento e por um conhecimento de ouvido. Ele ouviu o povo e tinha a grande preocupação de registrar memórias do cotidiano”, diz Gustavo Wanderley, coordenador geral da mostra. Estão ali reunidos superstições e crendices, provérbios, ditados, cantigas, danças, santos, orixás e, claro, a culinária. O folclorista é autor do célebre História da Alimentação no Brasil, uma interpretação da história nacional do ponto de vista da nossa cozinha. “Cascudo defende que o “gosto brasileiro” foi formado nos primeiros séculos da colonização. É produto do encontro de indígenas, africanos e portugueses, com suas diferentes técnicas, ingredientes, sabores, hábitos e ritmos de refeição”, sublinha Wanderley.
Confira o que o escritor desvendou sobre algumas preferências nacionais:
Arroz: “Com leite de coco ou de gado, é incontestavelmente uma sobremesa nacional.” Também foi bem recebido pela canja de galinha, que se fortificou com essa parceria.
Feijão: primeiro alimento popular do brasileiro. Presente tanto na mesa do rico quanto do pobre. “Para o povo, refeição sem feijão é simples ato de enganar a fome.”
Pimenta: “Condimento incomparável do brasileiro. Companheiro sem rival.” Alimento básico dos indígenas, foi recriado pelos portugueses no preparo de molhos para peixes e carnes. Também apreciada por negros e caboclos.
Banana: a preferida dos africanos. Os índios a ingeriam para neutralizar o ardor das pimentas. Nas mãos dos portugueses, virava confeitado, conserva, doce seco ou em calda.
O TEMPO E EU (E VC) – CÂMARA CASCUDO NO MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA 
Até 14 de fevereiro de 2016. Praça da Luz, s/nº – Luz – São Paulo. Tel.: (11) 3322-0080. De terça a domingo das 10h às 18h. R$ 6. Grátis aos sábados | museulinguaportuguesa.org.br

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