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Quando a humanidade se vê

Ao documentar a incrível diversidade de tons de pele, Angélica Dass evidencia quão descabido é o preconceito racial

Quando a humanidade se vê – Divulgação

Ela gosta de dizer que é fi lha de pai com pele cor de chocolate intenso, adotado por um casal de pele cor de porcelana e de iogurte de baunilha com morango. Sua mãe é da cor da canela, a avó materna leva uma pitada de avelã e mel e o avô é cor de café com leite, mas com muito café. Nascida nessa família cheia de cores, Angélica Dass nunca se importou com o tom da pele, mas, fora de casa, as coisas foram bem diferentes. “Nas primeiras aulas de desenho na escola, não entendia por que havia apenas um lápis identificado como tom de pele”, conta a fotógrafa brasileira radicada em Madri, que, mais tarde, sofreu preconceito ao ser confundida com babá por levar o primo à escola, e com prostituta, só por caminhar na praia acompanhada de amigos europeus. Porque algo a incomodava nessa história, decidiu criar o projeto Humanae para ressaltar as verdadeiras cores da pele humana, em vez daquelas quatro associadas à raça, como branco, preto, amarelo ou vermelho. Desde 2012, fotografa voluntários sobre um fundo branco, seleciona um quadrante de 11 pixels a partir do nariz, pinta o fundo com esse tom e busca pela cor correspondente na paleta industrial da Pantone®. A coleção já reúne mais de 3 mil retratos, de 13 países diferentes, e já foi exposta em galerias, museus e espaços públicos, inclusive em São Paulo. Ao escancarar a diversidade, seu exercício como fotógrafa (vale a pena assistir sua palestra no TED) alimenta um debate sobre inclusão e luta contra o racismo. É preciso expandir essa cartela para entender toda a expressão humana.

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