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9 dicas de como lidar com filhos que enfrentam os pais
9 dicas de como lidar com filhos que enfrentam os pais – Foto de Michael Morse no Pexels

O comportamento agressivo de filhos aos pais vem se tornando um importante tema no contexto da violência doméstica. Entende-se aqui comportamento agressivo ou violento como qualquer tipo de expressão verbal ou física que ameaça os pais ou visa o controle de sua autoridade parental. O objetivo final (intencional ou não) é inverter a regra usual, segundo a qual os filhos obedecem aos pais. As informações são da especialista em análise de perfil e neurociência comportamental, Stela Azulay.

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Como lidar com filhos que enfrentam os pais?

A criança nasce sem noção de limites. Tão logo começa a engatinhar e dar os primeiros passos, avança na exploração do meio ambiente, na tentativa de compreendê-lo e dominá-lo. A partir desse momento, precisa que os pais (e adultos, em geral) exerçam o papel de impor limites, uma vez que essa necessidade de exploração pode colocar a criança em situações de risco. Além do perigo, a imposição de regras permite que a criança adquira valores para convívio social.

Esse aprendizado precisa começar logo cedo (nos primeiros meses de vida). O estabelecimento de regras e limites claros facilita a vida da criança, pois ela não tem maturidade para julgar o que deve e o que não deve fazer. O exemplo dos pais também é fundamental, já que a criança tem tendência a imitar o comportamento deles. A medida que cresce, ela incorpora tais regras, aprende gradualmente a tolerar frustrações e, aos poucos, vai respeitando os limites por si mesma, desenvolvendo sua capacidade de autocontrole.

Um fator cultural recente, que também justifica o aumento dos atritos, é a mudança na autoridade dos pais em relação aos filhos. Hoje, vemos com frequência pais e filhos no mesmo patamar hierárquico. E há diversos motivos que contribuíram para esta mudança: uso de drogas; depressão; exposição à violência em redes sociais, games ou séries; pressão de colegas que podem afetar a personalidade do jovem, entre outros.

Então, o que fazer? Seria possível prevenir ou evitar que os filhos se tornem agressores dos pais? Embora não haja uma garantia de sucesso, a profissional elencou algumas regras mínimas podem ajudar a reduzir o risco dessa situação:

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1- O primeiro passo é a conscientização dos pais de que é sua responsabilidade educar os filhos. A educação se dá pelas orientações e explicações dadas aos filhos, e também pelo próprio modo como os pais se comportam. Os pais são os primeiros modelos que os filhos observam e procuram se espelhar.

2- Devem também se conscientizar de que há uma hierarquia na relação pais-filhos, sendo que os pais estão num patamar superior em relação aos filhos. Pode, e deve, haver amizade entre pais e filhos, mas é preciso deixar claro que esta amizade é diferente daquela que eles têm com seus amigos e colegas.

3- Não há como educar sem impor limites. E a colocação de limites começa cedo, tão logo a criança começa a explorar o ambiente.

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4- Os limites devem ser tão claros quanto possível, de modo a não deixar dúvidas para a criança. Ela tentará ultrapassar o limite, mas saberá direitinho qual é o limite e saberá que está testando os pais quanto à colocação do limite.

5- Não adianta querer poupar a criança da colocação de limites. Se os pais não fizerem isso, a vida real o fará, de forma muito mais dura e sem piedade.

6- Pais devem estar de acordo quanto ao limite. Se um diz “não” e o outro diz “sim”, a criança aproveita a brecha e “deita e rola”. A incoerência entre os pais (um diz ‘sim’ o outro diz ‘não’) é frequente quando estes são separados, uma vez que muitas vezes a criança é usada para provocar o ex-cônjuge.

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7- Os limites podem variar gradualmente, conforme a idade da criança. Os elogios, quando a regra é cumprida, e as repreensões, quando não é cumprida, também fazem parte desse processo.

8- É importante conversar com a criança sobre suas reações à frustração, para que ela aprenda a expressá-las de modo verbal, e não fisicamente.

9- Se a situação começa a sair do controle, procure logo ajuda. Não espere, pois quanto mais tarde é a intervenção terapêutica, mais difícil conseguir um bom resultado.

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Em uma situação de agressão já estabelecida, será necessário também buscar ajuda especializada para uma avaliação detalhada da criança/adolescente e da família nuclear. Em geral, já se estabeleceu uma certa dinâmica de interação patológica entre os membros da família, o que sugere a necessidade de intervenções não apenas para tratar a criança/adolescente agressivo, mas para trabalhar e modificar a dinâmica familiar.


Stella Azulay é CEO da Escola de Pais XD, Educadora Parental pela Positive Discipline Association, especialista em Análise de Perfil e Neurociência Comportamental e mentora de pais.