Dia da Doença Celíaca: Veja dicas e receitas sem glúten para fazer em casa
O organismo passa a produzir anticorpos que atacam os próprios tecidos, especialmente o intestino delgado

O organismo passa a produzir anticorpos que atacam os próprios tecidos, especialmente o intestino delgado
A doença celíaca é uma condição autoimune. Dessa forma, o organismo passa a produzir anticorpos que atacam os próprios tecidos, especialmente o intestino delgado. “Essa resposta inflamatória pode afetar diferentes órgãos e desencadear manifestações além do sistema digestivo. Mesmo que os sintomas clássicos não estejam evidentes, pequenas quantidades de glúten já podem causar alterações importantes na mucosa intestinal da pessoa celíaca”. Dessa forma, neste Dia Mundial do Celíaco, pedimos para Renatta Murtinho, que trabalha com Gastronomia Saudável, para dar algumas dicas. Confira:
Alguns alimentos, naturalmente, não contêm glúten, tais quais arroz e milho. E, apesar de este conceito parecer simples, a especialista afirma que há alguns cuidados necessários que vão além. “É importante procurar saber sobre a marca do ingrediente, se o mesmo foi processado em uma indústria que também manipula trigo, por exemplo. Também vale descobrir se utilizaram algum tempero industrializado com glúten. Ou no buffet do restaurante por exemplo, a mesma colher foi usada para servir o tabule de trigo e o arroz?”, reflete.
Pois esses detalhes fazem toda a diferença. “Um único farelo de pão em uma salada é o suficiente para desencadear a resposta autoimune no organismo celíaco. Uma migalha tem o mesmo impacto que uma fatia inteira. Não existe ‘só um pouquinho’ para quem é celíaco”, detalha.
Os sintomas podem ser divididos em típicos e atípicos. Assim, os primeiros podem se manifestar através de diarreia crônica, inchaço, dores abdominais, emagrecimento, falta de apetite, vômitos frequentes, anemia, prisão de ventre, deficiência na absorção de vitaminas e minerais. Já os últimos são atraso no crescimento, alterações de humor, aftas de repetição, dermatite herpetiforme, queda de cabelo, osteoporose, enfraquecimento dos dentes, infertilidade, risco de certos tipos de câncer, irritabilidade, manchas nos dentes, abortos de repetição, doenças neurológicas, depressão e transtornos emocionais. “Muitas vezes, a pessoa com a doença celíaca passa anos com sinais que não são associados diretamente ao glúten, o que torna o diagnóstico um verdadeiro desafio”, completa.
“Quando a doença celíaca não é devidamente tratada, ou seja, em casos que há ingestão contínua de glúten, podem ocorrer diversas complicações, como deficiências nutricionais (ferro, ácido fólico, vitamina B12, cálcio), osteoporose, infertilidade e até aumento do risco para linfoma e outros tipos de câncer. Porém, a boa notícia é que a adesão total à dieta sem glúten é o tratamento eficaz. Com o tempo, os sintomas desaparecem, os níveis de nutrientes se equilibram e a qualidade de vida melhora significativamente”, tranquiliza.
Primeiramente, quem desconfiar que está celíaco, precisa fazer o acompanhamento com um médico. “O diagnóstico pode parecer assustador no início, mas é, na verdade, uma oportunidade de cura e reconexão com o próprio corpo. Aceitar essa nova fase é essencial. Não a veja como um castigo, mas uma chance de se cuidar com responsabilidade, consciência e carinho. É possível, sim, ter uma vida plena e saborosa com a doença celíaca”, indica.
Por fim, “conscientize amigos e familiares. Fortaleça sua rede de apoio. Participe de grupos específicos sobre o tema. A troca de experiências é muito valiosa. Aventure-se na cozinha, descubra novos sabores, experimente receitas naturalmente sem glúten. E, se precisar, busque apoio profissional. Nutricionistas e psicólogos podem ser grandes aliados nesse processo de adaptação e transformação”, concluiu.
Massa: Misture 2 colheres (sopa) de psyllium com 210 ml de água morna. Em uma tigela, adicione 215 g de mix de farinha sem glúten, 80 g de farinha de painço, 75 g de polvilho doce ou fécula de batata, 30 g de farinha de aveia sem glúten e 25 g de farinha de sarraceno. Acrescente 4 g de sal. Mexa. Acrescente 10 g de açúcar demerara, 5 g de fermento biológico seco e 60 ml de água. Reserve por 5 a 10 minutos ou até a mistura começar a espumar. Despeje 1/2 colher (sopa) de azeite e 1 colher (chá) de vinagre de maçã ao gel de psyllium. Misture bem para incorporar. Faça um buraco no meio dos ingredientes secos. Acrescente a mistura gel-óleo-vinagre de psyllium. Junte o que ficou (mescla com fermento). Sove a massa até ficar lisa e todos os ingredientes bem incorporados. O resultado final deve ser liso, flexível e bastante macio, sem grumos de farinha. Ficará bastante pegajoso ao toque.
Finalização: Despeje a massa em uma assadeira. Deixe fermentar até dobrar de tamanho. Após o descanso, regue com azeite a gosto. Use os dedos para fazer buracos nela. Pressione as azeitonas verde sem caroço (a gosto). Por fim, polvilhe com alecrim e sal marinho (ambos a gosto). Leve ao forno a 220ºC por 40-45 minutos ou até que esteja bem dourado por cima. Deixe esfriar em cima de uma gradinha em temperatura ambiente antes de servir.
Celíaca, diagnosticada em 2007, Renatta Murtinho é empresária e idealizadora da campanha Maio Verde — Mês da Conscientização da Doença Celíaca e Desordens Relacionadas ao Glúten. Hoje, em sua oitava edição, a campanha nasceu do desejo de informar, acolher e unir pessoas que convivem com os impactos da condição celíaca e organizações, empresas, além de profissionais de saúde em prol de um movimento nacional.