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Água fresca como na casa da vovó

Nem o passar do tempo nem a ciência deixaram para trás o bom e velho filtro de cerâmica. Ele continua uma forma singela, barata e eficiente de garantir água de beber de qualidade

O filtro de cerâmica aumenta a qualidade da água da torneira – Alliance / Shutterstock

Ele já foi presença certa em muitos lares brasileiros e costumava ter até uma cantoneira exclusiva para abrigá-lo na cozinha. Perseverou em alguns lares, passado de geração para geração como herança, e agora reaparece com toda a dignidade e por nobres razões. “Diferentemente do que ocorre com os galões de água, os filtros de barro protegem da entrada de luz, impedindo a alteração da qualidade da água pelo calor e pelo crescimento de algas e outros organismos”, explica Silvana Audrá Cutolo, bióloga doutora do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da USP. Além disso, o antiguinho pote de argila filtra lentamente a água através de uma vela com parede microporosa, carvão ativado e prata coloidal, que retém partículas de sujeira, bactérias e mais de 90% do cloro. 

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Resultado: aumenta a qualidade da água da torneira entregue à população pelas empresas de abastecimento público. “É bom lembrar que o cloro, por exemplo, é importante para o transporte seguro da água até a casa das pessoas, mas o consumo dele é dispensável”, afirma Emilio Garcia Neto, diretor-superintendente da Cerâmica Stéfani, a mais conhecida do setor. 

Há ainda outras vantagens. Em tempos de crise hídrica, o filtro garante uma reserva de água quando falta a da rua, ao contrário dos modelos mais high-tech instalados nas torneiras. Outra: o filtro da vovó é mais barato e não consome energia para refrescar a água, como conta o professor Antonio Carlos Hernandes, doutor em física e atual pró -reitor de graduação da USP. “Os modelos de cerâmica vermelha têm poros que a água utiliza para migrar lentamente para a superfície externa, onde evapora e retira calor do filtro, reduzindo em até 5º C a temperatura da água, tornando-a agradável para o consumo.”
Para atravessar gerações
O pote de argila pode virar até herança de família se bem cuidado. “Recomendamos trocar a vela filtrante a cada seis meses”, diz o diretor da Cerâmica Stéfani Emilio Garcia Neto. Dependendo da qualidade da água que chega às torneiras, pode ser necessário trocar mais vezes. “Um indício de sujeira é quando o sistema de filtragem fica mais lento do que de costume”, completa. Quando isso ocorre, é hora de trocar a vela também. A boa manutenção do filtro cerâmico começa, na verdade, nos cuidados com a caixa d’água da casa, que também deve passar por limpezas periódicas. E, na hora de limpar o filtro de argila, nunca utilize sabão ou outros produtos químicos, pois as paredes porosas acabariam contaminadas. “Use apenas água e uma esponja nova para esfregar as paredes internas e evitar a formação de algas, que escurecem a superfície”, ensina Garcia Neto, que recomenda, no mínimo, uma lavagem por mês. 
Três versões de classe
Tradicional ou com roupagem moderninha, o filtro cerâmico volta à cena como produto descolado, vintage, com design ousado e uma opção mais ecológica, pois não consome energia elétrica e evita a geração de lixo com a fabricação e o descarte de embalagens plásticas. Na hora de escolher, fique atento: compre apenas produtos com certificação do Inmetro. 
Mais original, impossível. O filtro São João, produzido desde 1947 pela Cerâmica Stéfani, de Jaboticabal, interior paulista, vive no imaginário do brasileiro. Bastante popular há décadas, ele é facilmente encontrado em hipermercados, home centers e lojas especializadas, que também oferecem as velas filtrantes. O modelo de 6 litros é o mais vendido (custa a partir de RS 100), mas há outros tamanhos disponíveis, todos de argila não esmaltada, que possibilita melhor resfriamento da água. 
O design de Luís Hernani e Paulo Ferreira, da carioca Tum Cerâmica, dá um tempero moderno ao Filtro Cast, que tem capacidade para armazenar até 9 litros de água. Vem com acabamento esmaltado preto fosco e base de madeira. Sai por R$ 780, sob encomenda.
Peça do acervo permanente de design do Museu de Belas Artes de Montreal, o fi ltro cerâmico Ovopur, da canadense Aquaovo (a partir de US$ 699), é  feito à mão, seguindo a tradição de porcelana chinesa. Armazena até 11 litros de água. Na cor branca, tem três opções de base, de madeira, vidro e acrílico.