Publicidade

Na diferença, o encontro

Quando os caminhos de uma moradora de rua idosa e de um escritor se cruzam, o melhor do ser humano aparece

Maggie Smith e Alex Jenning no filme A senhora da Van – Divulgação

A vida muitas vezes supera a ficção. Foi assim com o escritor britânico Alan Bennet. Em 1974, ele viu a frente da sua casa ser ocupada por uma moradora pra lá de excêntrica, a altiva e destemida Mary Shepherd, sem-teto que vivia numa van e escolheu o bairro londrino de Camden Town para estacionar sua morada. O impacto gerado pela nova habitante na vizinhança é reconstituído no filme A Senhora da Van (Sony Pictures, comédia dramática, Reino Unido, 1h44min), que estreou nos cinemas em 10 de março.

Publicidade
Dona de um temperamento forte e acumuladora de carteirinha, a idosa, interpretada pela veterana Maggie Smith, logo angaria a antipatia da comunidade, que recorre à prefeitura e consegue impedir que qualquer carro fique estacionado no bairro. Bennett (Alex Jennings) é o único a apoiar a “forasteira” e, diante da pressão para que ela deixe a localidade, autoriza a permanência temporária do veículo em sua garagem. Acontece que, contra todas as expectativas, a “inquilina” viveu ali por 15 anos, até morrer. Um tocante exemplo de solidariedade e acolhimento das diferenças, sentimentos que, com o passar do tempo, sedimentaram uma amizade inusitada e transformadora. “A senhora Shepherd sabia ser bastante irritante. Agi por uma estranha combinação de culpa e senso de dever”, brincou Bennet na coletiva de imprensa do filme. Como lembrou Maggie Smith no mesmo evento, sua personagem teve a sorte de contar com a ajuda alheia. “Quantas milhares de pessoas enfrentam o drama de não ter um teto sequer.” 

A SENHORA DA VAN