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Com a moda, atitude – Larissa Isis

Com suas estampas esfuziantes e múltiplas amarrações, os turbantes, parte da indumentária tradicional africana, conquistaram a cabeça de muitas mulheres, incluindo modelos e celebridades. E com a evidência do acessório veio à baila a questão: o seu uso por mulheres brancas seria apropriação cultural indevida? Apenas africanas estariam autorizadas a vesti-lo? 

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Para a paulista Michelle Fernandes, diretora- executiva da Boutique de Krioula, loja virtual de turbantes, roupas e acessórios de inspiração africana, o acessório é democrático, e toda mulher é bem-vinda. Ela destaca apenas que, para adornar a cabeça com panos coloridos, há que se ter consciência de que não se trata de um mero item da moda. “Os turbantes são um símbolo de valorização da cultura afro-brasileira e da beleza das mulheres negras”, defende. 
Muitas clientes, ela conta, aderem ao look por admirarem o patrimônio cultural que veio da África, e o turbante acaba servindo de start para que elas busquem as origens do adereço, que desde tempos remotos servia para diferenciar as etnias do continente africano, bem como as posições sociais no interior das tribos. “Vale saber também que, no Brasil, as escravas recém-chegadas eram obrigadas a cortar os cabelos, uma forma de ‘apagar’ seus traços característicos. E, como demonstração de resiliência, cobriam a cabeça nua com seus panos”, rememora Michelle. 
O adorno ainda integra as vestimentas do candomblé e da umbanda, religiões de matriz africana, como demonstração de respeito aos santos e orixás. Para a empresária, envolver as madeixas é como usar quimono ou bata indiana. Quem escolhe esses trajes costuma conhecer as origens e os fundamentos de tais peças, além de se identificar com as respectivas tradições. 
Pesquisadora do tema, a paulista Cristiane Avelar defende o turbante como um modo de expressar a identidade de um povo, além de um meio de se posicionar politicamente: “Na luta contra o hegemônico, que admite como belo somente aquele que reúne as qualidades de brancura, juventude e magreza”.

BOUTIQUE DA KRIOULA
Cristiane Avelar | [email protected]
boutiquedekrioula.com