Dia Mundial do Rim: 5 dicas para manter o órgão saudável
Comemorado esse ano no dia 9 de março, o Dia Mundial do Rim é uma campanha de conscientização com foco na importância dos rins

Comemorado esse ano no dia 9 de março, o Dia Mundial do Rim é uma campanha de conscientização com foco na importância dos rins
Você cuida bem dos seus rins? Comemorado sempre na segunda quinta-feira do mês de março, o Dia Mundial do Rim é uma campanha global de conscientização sobre a saúde com foco na importância dos rins e na redução da frequência e do impacto da doença renal e seus problemas de saúde associados em todo o mundo.
Conversamos com a Dra. Caroline Reigada, médica nefrologista, especialista em Medicina Interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em Nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, sobre os principais cuidados que devemos ter com esses dois órgãos tão importantes.
“A dieta de padrão mediterrâneo ou a dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) são as mais recomendadas para pacientes que já têm ou querem evitar problemas cardíacos e renais”, diz a nefrologista.
A alimentação saudável, como a dieta DASH, reduz a formação de pedras nos rins, além de diminuir a chance de diabetes e de pressão alta, grandes vilões para a saúde renal. A dieta DASH é baseada na alta ingestão de frutas, verduras, vegetais, nozes, legumes, laticínios desnatados, grãos integrais e na baixa ingestão de açúcares e carnes vermelhas ou processadas. Nessas dietas, são recomendadas proteínas vegetais ou animais, desde que sejam magras (de preferência peixe).
Cuidado também com o sobrepeso. “A obesidade, doença crônica que acomete 1/3 da população de certos países, está diretamente ligada a diabetes e à hipertensão arterial. Quando o corpo fica maior devido ao acúmulo de gordura, os rins filtram em ritmo acelerado – o que chamamos de hiperfiltração – que a longo prazo leva à doença renal crônica, com um risco estimado de duas até 7 vezes maior do que em indivíduos sem obesidade”, destaca a Dra. Caroline.
Segundo a médica, o exercício físico tem sido associado à melhora da pressão arterial e controle do diabetes, além de um aprimoramento do funcionamento físico.
“Apesar das recomendações atuais, as taxas de exercício na população geral permanecem baixas e o sedentarismo é um fator de risco crescente e preocupante no terceiro milênio. Sabendo que os benefícios cardiovasculares refletem diretamente na saúde renal, pode-se dizer que exercícios são benéficos para os rins”, explica a Dra. Caroline Reigada.
“O exercício tem um efeito positivo em uma série de riscos de doença renal crônica, como inflamação crônica, doenças cardiovasculares e diabetes e hipertensão. O maior efeito do exercício em pacientes com doença renal crônica é melhorar sua saúde cardiovascular e função vascular”, continua a profissional.
“Pesquisas mostram que dormir poucas horas por noite leva à maior propensão a desenvolver perda da função renal. Mulheres que dormem 5 horas ou menos por noite, por exemplo, têm um aumento de 65% de chances de sofrerem rápido declínio das funções renais se comparadas àquelas que dormem 7 ou 8 horas por noite”, explica a médica nefrologista.
“Privação do sono e os distúrbios do sono desafiam os vários sistemas do corpo a manter o equilíbrio funcional crítico chamado homeostase. Tal como acontece com a saúde de muitos outros órgãos do corpo, a saúde dos rins pode se tornar uma vítima de problemas de sono”, completa a médica.
A nefrologista explica que os rins são dois órgãos do corpo que trabalham duro e podem sofrer as consequências a longo prazo do sono ruim. “Mediadores inflamatórios e harmônicos simpáticos contribuem para o desenvolvimento de distúrbios que envolvem os vasos do coração e dos rins. Apneia obstrutiva do sono, distúrbios do ritmo circadiano, hipersonia (dormir muito) e insônia têm sido associados a uma série de distúrbios metabólicos. As evidências sugerem que os distúrbios do sono afetam o desenvolvimento da doença renal, possivelmente como resultado do meio inflamatório e da ativação simpática que ocorrem no leito vascular renal, o que danifica estruturas como a membrana basal glomerular e o aparelho tubular renal, partes anatômicas importantes para a filtração do sangue”, explica a médica.
O estresse também é altamente maléfico para os rins. “Em situação de estresse, o cérebro estimula os nervos das glândulas adrenais para a secreção do cortisol, aumentando a pressão arterial e o nível de açúcar no sangue. Essa reação química, que é uma resposta do cérebro para proteger o corpo em uma situação de aparente perigo, quando em excesso, numa condição de estresse crônico, provoca a excreção pelos rins de fosfato em níveis fora do padrão, o que pode acarretar fraqueza muscular, alterações na composição óssea e até mesmo na função renal”, diz a médica.
Muita gente não sabe, mas a pressão alta é um problema que não afeta apenas o coração. O rim, responsável por filtrar o sangue, é um órgão que pode sofrer consequências da hipertensão arterial.
“Uma das funções dos rins é regular a pressão arterial pelo aumento ou diminuição do volume sanguíneo. Quando a pressão cai e o fluxo sanguíneo diminui, os rins secretam substâncias que atuam para fazer a pressão aumentar até o valor normal”, explica Dra. Caroline Reigada.
“A longo prazo, a hipertensão descontrolada pode levar a uma sobrecarga no funcionamento desse órgão, que pode culminar com a disfunção renal crônica ou falência renal. Por isso, é fundamental adotar meios de controlar o aumento da pressão”, continua a médica.
Dra. Caroline enfatiza que a insuficiência renal devido à pressão alta é um processo cumulativo que pode levar anos para se desenvolver. “Mas você pode limitar seu risco gerenciando sua pressão arterial. É importante ficar claro que esse cuidado é um compromisso para toda a vida. O paciente deve ter uma dieta bem equilibrada com baixo teor de sal, limitar álcool, ter um consumo adequado de água, praticar atividade física regularmente, gerenciar o estresse, manter um peso saudável, parar de fumar, tomar seus medicamentos corretamente e trabalhar em conjunto com o seu médico”, finaliza a nefrologista.