Preparar sua filha para a menarca muda tudo; confira dicas de como fazer
Mais do que ensinar sobre absorventes, falar sobre menarca é ensinar sobre autoestima e respeito pelo próprio corpo

Mais do que ensinar sobre absorventes, falar sobre menarca é ensinar sobre autoestima e respeito pelo próprio corpo
A forma como preparam uma menina para a primeira menstruação é essencial. Afinal, isso define como ela vai se sentir em relação ao próprio corpo, sua autoestima e, principalmente, a capacidade de se respeitar.
Quando a menstruação é vivida com vergonha, dor ou negação, o corpo passa a ser percebido com defeito e como um incômodo, algo que precisa ser escondido ou controlado. Muitas garotas aprendem sem que ninguém diga, diretamente, que há algo de errado com elas. Por outro lado, quando acolhe-se com dignidade e informação, algo essencial acontece. A menina entende que seu corpo é perfeito e saudável, que a menstruação não é um incômodo, e sim, uma linguagem do organismo.
O modo como uma mulher se relaciona com seu ciclo é como ela habita seu corpo. Por isso, preparar uma menina para a menarca não pode ser apenas ensinar a usar um absorvente. É um processo que toca o amor-próprio e a relação com o feminino.
Preparar a filha para a menarca começa com um olhar honesto para a própria história. Sua filha vai aprender com o que você disser, mas principalmente com o que você vive. Desde a forma como trata seu corpo, com o quanto respeita seus limites e com o modo como fala de si mesma.
Relembre: Como foi a sua primeira menstruação? O que você sentiu? Mesmo que tenha sido uma experiência marcada por dor, silêncio ou vergonha, você pode transformar essa memória em aprendizado para sua filha. Acolher a própria história com compaixão é um passo essencial. Buscar informações sobre a natureza cíclica feminina, entender e respeitar seus ritmos pode ensinar mesmo que você não tenha vivido seus ciclos com leveza até hoje, mostrando a ela que existe outro caminho.
A menstruação é o quinto sinal vital da saúde feminina. Tão importante quanto batimentos cardíacos ou pressão arterial. Ciclos irregulares, dolorosos ou ausentes são sinais de que algo não vai bem. Muitas vezes, culpamos o sangue pelos sintomas, mas na verdade, ele é o mensageiro.
Nosso ciclo menstrual está ligado ao estilo de vida: alimentação, atividade física, sono e níveis de estresse. Cada ciclo carrega informações sobre como estamos vivendo.
O início da puberdade é um convite para começar essa preparação. O surgimento dos brotinhos mamários indica que, em cerca de dois a três anos, a menarca vai chegar. Isso dá tempo, e tempo é um presente. Mudanças corporais e emocionais vão surgindo, e reconhecê-las como naturais é importante para que a menina não sinta que há algo de errado com ela.
Meninas que aprendem cedo a conhecer e respeitar seus ciclos menstruais desenvolvem uma relação mais amorosa com o corpo e constroem uma autoestima sólida. Não tem medo de crescer, porque entendem que crescer é se aproximar de si mesmas.
Prepará-la para a menarca, é criar uma ponte de confiança, onde o corpo feminino deixa de ser um mistério ou uma prisão e passa a ser sagrado. E talvez esse seja o maior presente que podemos oferecer a elas.
*Texto escrito por Berenice Shakti, fisioterapeuta pélvica e autora do livro infantojuvenil “O diário de Adelaine”