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Osteosporose: o que é, as causas e tratamentos fitoterápicos

Na coluna dessa semana, o farmacêutico homeopata Jamar Tejada reúne as principais informações sobre a osteoporose e cita tratamentos fitoterápicos específicos para a doença

Osteosporose: o que é, as causas e tratamentos fitoterápicos
Osteosporose: o que é, as causas e tratamentos fitoterápicos – Freepik

A osteoporose é uma condição que, assustadoramente, atinge cerca de 10 milhões de brasileiros segundo dados do Ministério da Saúde de outubro de 2022.

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A osteoporose é doença silenciosa caracterizada pela redução na densidade e qualidade óssea, com alteração da microarquitetura tecidual que deixa o osso mais fraco. É mais comum em mulheres acima dos 45 anos que entraram na menopausa. À medida que vai progredindo com o avançar da idade, a doença aumenta o risco de fraturas, especialmente do quadril, costela e colo do fêmur.

A formação e renovação dos ossos

A estrutura do nosso esqueleto está sempre se renovando. Ganhamos massa óssea até os 20 anos e perdemos com maior velocidade depois dos 40. Existem dois tipos de células no tecido ósseo: osteoclastos e osteoblastos, as células que estão envolvidas no ciclo de renovação dos ossos.

Os osteoclastos promovem a absorção de minerais, eliminando áreas de tecido ósseo e criando cavidades. Os osteoblastos têm a função de preencher essas cavidades e produzir ossos novos. Para isso, usam o cálcio, absorvido com a ajuda da vitamina D. O curioso é que, a cada três meses, 10% do esqueleto se renova.

O surgimento da osteoporose no corpo

A primeira etapa da degeneração óssea, chamada osteopenia, tem início com o desequilíbrio entre as células de absorção e de regeneração, quando os osteoclastos passam a agir mais rapidamente, degradando o osso com maior velocidade do que os osteoblastos são capazes de repor.

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Nas mulheres, esse desequilíbrio começa a partir dos 35 anos com as mudanças hormonais, como a menopausa, que interfere de forma decisiva na perda e ganho de massa óssea, já que ocorre o queda do estrogênio, um hormônio importante na fixação do cálcio no osso, sendo chamada osteoporose pós-menopáusica.

Nos homens, o esqueleto se mantém quase intacto até os 40 anos, porque a testosterona barra o desgaste ósseo e suas taxas diminuem de pouco em pouco. No sexo masculino, as fraturas são mais comuns após os 70 anos, embora esse número venha aumentando nos últimos anos para o risco de quebrar um osso a partir dos 50 anos.

Existe também o que chamamos de osteoporose secundária, que ocorre quando a perda de massa óssea tem a ver com outras doenças. Exemplos dessas são os problemas renais ou endócrinos, diabetes, disfunções na tireoide ou uso de certos medicamentos, como os corticoides.

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Diversos são os fatores que aumentam o risco de desenvolvimento de osteoporose. Entre eles estão o tabagismo, alcoolismo, sedentarismo, histórico familiar, baixo peso, origem asiática, menopausa precoce, menarca tardia e menstruação irregular.

O diagnóstico

A osteoporose não dá sinais claros de que está se instalando. Portanto, o médico inicia a investigação considerando fatores como a idade, peso, altura, histórico de fraturas na família, uso de cortisona e hábitos como fumar e beber. A confirmação da doença costuma vir no resultado da densitometria óssea, teste que é geralmente solicitado a partir dos 45 anos para as mulheres e a partir dos 65 anos para os homens. Você já fez alguma vez?

A prevenção

A ingestão de cálcio é imprescindível para a renovação óssea: o ideal é 1.000 miligramas por dia – o equivalente a quatro porções lácteas – onde o cálcio é mais abundante. Mas também está presente em outros alimentos, como brócolis e folhas verde-escuras.

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A vitamina D também é de fundamental importância, já que interfere na absorção do cálcio. Como poucos alimentos são ricos no nutriente, a exposição solar é a mais indicada com, pelo menos, 15 minutos diários e sem protetor, assim a vitamina D chega ao intestino e ajuda a incorporar o cálcio. Por isso, prefira os horários da manhã e final da tarde.

Exercícios físicos de impacto, que estimulam a formação de massa óssea, também são bem-vindos, até porque o ganho de massa e força muscular é um fator importante na prevenção das quedas.

Tratamento fitoterápico para a osteoporose

Vou citar alguns fitoterápicos com ação sobre a osteoporose, principalmente para quando a doença parece no período pós-menopáusica, já que essas plantas atuam sobre os sintomas desta fase da vida da mulher.

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Cavalinha (Equisetum arvense): tem sido utilizada no tratamento da osteoporose devido seu elevado teor de sílica – um mineral importante para a mineralização óssea e regeneração do tecido. A sílica, além de estimular a absorção e a utilização de cálcio pelo corpo, está associada à formação do osso através da síntese e estabilização de colagénio, que é parte integrante da cartilagem que compõem as articulações.

Ligustro (L. lucidum.): também conhecido como alfeneiro, alfeneiro-dachina, alfeneiro-brilhante e alfeneiro-de-rua, com cerca de 10 m de altura, é comumente usada na China para fortalecer os ossos e como componente de muitas fórmulas para o tratamento da osteoporose. Também é utilizado para tratar problemas relacionados com a menopausa, visão turva, dores reumáticas, palpitações, dor nas costas e insônia, problemas hepáticos, bem como queixas relacionadas com a idade (Li, 1994; Liu et al., 2003). Investigações recentes mostraram que o L. lucidum é útil na prevenção da perda de medula óssea em doentes sujeitos a quimioterapia.

Soja (Glycine max. (L.): também conhecida como feijão-soja e feijão-chinês, é uma planta pertencente à família Fabaceae, nativa da Ásia. Estudos mostram que as isoflavonas contidas na planta têm efeito positivo na redução do risco de desenvolvimento de osteoporose (Uenishi et al., 2005). Estudos em populações alvo, tais como mulheres chinesas pós-menopáusicas com pouca massa óssea, mostraram um aumento do conteúdo mineral nas que consumiam uma elevada dose de extrato de G. max. na dieta alimentar. (Chen et al., 2003).

Cimicifuga (C. racemosa): pertence à família Ranunculaceae, é uma planta perene, originária da América do Norte e usada tradicionalmente pelos índios americanos em uma grande variedade de “queixas das mulheres”, incluindo problemas menstruais e do parto. Depois da soja, essa é a planta mais estudada para o tratamento de sintomas da menopausa. Estudos em ratos fêmeas sugerem que os extratos de cimicífuga têm efeitos protetores na perda de massa óssea induzida pela deficiência de estrogénio (Nisslein et al., 2003) embora o mecanismo de ação permaneça pouco claro.

Esses fitoterápicos citados demonstram ter atividade anti-osteoporótica podendo ser mais uma contribuição segura e eficaz para o tratamento da osteoporose, desde que respeitadas as doses terapêuticas e conhecidos os efeitos secundários e possíveis interações farmacológicas, podem ser adquiridos em farmácias de manipulação, mas antes é preciso conversar com um profissional de saúde para possíveis efeitos colaterais.


Fontes:

Chen, Y.M., et al. (2003). Soy isoflavones have a favourable effect on bone loss in Chinese postmenopausal women with lower bone mass: a double-blind, randomized, controlled trial. J Clin Endocrinol Metab (88), pp. 4740-4747.
Liu, et al. (2015). Effects of the combined extracts of Herba Epimedii and Fructus Ligustri Lucidi on bone mineral content and bone turnover in osteoporotic rats. BMC Complementary and Alternative Medicine, p. 112.
Nisslein, T. e Freudenstein J. (2003). Effects of an isopropanolic extract of Cimicifuga racemosa on urinary crosslinks and other parameters of bone quality in an ovariectomized rat model of osteoporosis. J Bone Miner Metab (21), pp. 370-376.
Uenishi, K. (2005). Recommended soy and soy products intake to prevent bone fracture and osteoporosis. Clin Calcium, 15 (8), pp. 1393-1398.

https://www.healthline.com/health/fun-facts-about-the-skeletal-system#1
https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(18)32112-3/fulltext