Logo após uma de suas emblemáticas vitórias na Fórmula 1, Ayrton Senna comentava sobre as adversidades enfrentadas na pista para conquistar aquele triunfo. Eis que uma frase proferida ali é lembrada até hoje por seus fãs: “Deus é grande, Deus é forte. E quando ele quer, não há quem não queira”.
Como pode ver, a fé está sempre ao lado de esportistas vitoriosos. Exemplo disso é que, nos últimos dias, dois atletas destacaram suas crenças enquanto celebravam suas conquistas nas Olimpíadas: Ítalo Ferreira conquistou a medalha de ouro no surfe e Rayssa Leal, aos 13 anos, conseguiu a prata no skate.
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Logo após subir ao lugar mais alto do pódio, Ítalo ainda estava bastante emocionado quando revelou que durante toda a preparação repetiu uma frase motivadora: “Eu vim com uma frase pro Japão: ‘Diz amém que o ouro vem'”, confessou. “Essa frase está do lado da minha cama, todos os dias eu orei às 3h da manhã, pedi a Deus que realizasse esse sonho e tá aí, meu nome na história do surfe”. Já a jovem skatista afirmou: “Nada disso seria possível se não fosse Deus, o apoio de meus pais, dos meus apoiadores e patrocinadores”, disse na época. “Eu luto para todos meus sonhos se tornarem realidade, nunca desista dos seus”, disse.
E de que maneira a fé estimula os atletas a buscarem os melhores resultados? Para o PhD, neurocientista, neuropsicólogo e biólogo Fabiano de Abreu, “as experiências espirituais e religiosas ativam o circuito de recompensa do cérebro. E isso libera neurotransmissores, dentre eles a dopamina e uma das regiões é o núcleo accumbens e a substância nigra nos núcleos da base, localizado no interior do cérebro”.
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A chave do sucesso de Ítalo e Rayssa está justamente aí, revela o neurocientista. “Quando se acredita em algo com convicção, manipulamos o sistema límbico lidando melhor com a pressão devido à crença. A ansiedade é uma pendência, que interfere na região emocional do cérebro, através da amígdala cerebral, em busca de soluções”, diz.
“Ao acreditar em alguma divindade, liberamos neurotransmissores da recompensa, que alivia o estresse. O que acontece então é que, entre situações que aumentem a ansiedade, é nessa situação de satisfação que o organismo encontra a homeostase. Neste caso, a fé faz liberar sensações que amenizam os danos da ansiedade excessiva e permitem que o esportista faça da melhor maneira a sua atividade”, finaliza Fabiano de Abreu.