Depressão e ansiedade podem ser transmitidas pelo beijo? Entenda
Um estudo, feito pelo iraniano Reza Rastmanesh, mostrou que a microbiota bucal influencia o desenvolvimento de transtornos mentais

Um estudo, feito pelo iraniano Reza Rastmanesh, mostrou que a microbiota bucal influencia o desenvolvimento de transtornos mentais
De acordo com profissionais da saúde, o desenvolvimento de transtornos mentais tem relação com fatores genéticos, biológicos ou ambientais. Uma nova pesquisa, no entanto, apontou que as doenças psicológicas, como a depressão e a ansiedade, também podem ser transmitidas a partir do microbioma oral. Ou seja, através do beijo! Entenda:
Já existem diferentes levantamentos que associam os microrganismos da boca à saúde mental. Os estudos indicam que o desequilíbrio das bactérias benéficas presentes nesta área é responsável por impactar o cérebro, afetando a produção de neurotransmissores e hormônios, que regulam o humor. Assim, com base nos apontamentos de estudiosos, o pesquisador independente, Reza Rastmanesh, decidiu verificar a possibilidade de transmissão de transtornos neuropsiquiátricos entre cônjuges.
Para isso, ele analisou 1.740 casais, separados em dois grupos. No primeiro, uma das partes apresentava depressão, ansiedade ou problemas de sono. Já no segundo, ambos eram saudáveis. Dentre os participantes, estavam 268 pares recém-casados. A fim de detectar alterações hormonais e bacterianas, no início do experimento, o profissional coletou mostras de saliva, usando técnicas avançadas de sequenciamento de DNA.
Além disso, os participantes foram orientados a não modificar seus hábitos, como a alimentação, a rotina de exercícios e a higiene bucal. Após seis meses, eles refizeram os testes. Desta forma, examinando os resultados por meio da análise discriminante linear, Rastmanesh detectou que o microbioma oral do parceiro sadio mudou, passando a se assemelhar ao do cônjuge com diagnósticos de distúrbios cerebrais.
De acordo com os pesquisador, houve uma maior presença das famílias bacterianas Clostridia, Veillonella, Bacillus e Lachnospiraceae, que têm ligação com a saúde mental. Como consequência, no final do estudo, os saudáveis também demonstraram sintomas de depressão e ansiedade, além de impactos na qualidade do sono.
A pesquisa, publicada na revista científica Exploratory Research and Hypothesis in Medicine, ainda evidenciou um aumento da produção de cortisol, conhecido como o hormônio do estresse. O profissional, contudo, ressalta que os níveis dos parceiros não chegaram a se igualar, mas poderiam manifestar aproximação com o tempo.
Ademais, segundo o estudo, as mulheres estão mais suscetíveis à transmissão. Isso porque elas apresentaram maiores mudanças na microbioma oral, assim como os sinais de transtornos. Após estas descobertas, Rastmanesh recomendou que os casais não optem por um tratamento individual, mas em conjunto.