IBGE faz levantamento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista pela primeira vez
Novo retrato revela perfil etário, racial e regional da população com Transtorno do Espectro Autista no Brasil; entenda

Novo retrato revela perfil etário, racial e regional da população com Transtorno do Espectro Autista no Brasil; entenda
Pela primeira vez, o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou um levantamento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil. Segundo os dados divulgados, cerca de 2,4 milhões de pessoas já receberam o diagnóstico, o que representa 1,2% da população.
Primeiramente, a pesquisa se baseou na pergunta direta aos entrevistados sobre o diagnóstico feito por um profissional da saúde. Os resultados apontaram maior incidência entre homens (1,5% da população masculina, correspondente a 1,4 milhão de pessoas) do que em mulheres (0,9% da população feminina, correspondente a um milhão de pessoas). A faixa etária com a maior proporção de diagnósticos é a de meninos entre cinco e nove anos (3,8%, correspondente a 264 mil pessoas).
O cruzamento entre os dados do IBGE, do Censo Escolar do Ministério da Educação (MEC) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) foi feito. E ele traz que: cerca de 2% dos alunos matriculados no Ensino Fundamental regular (com alunos entre seis e quatorze anos) foram diagnosticados com autismo. Cerca de 508 mil crianças e adolescentes estão nessa conta, o que representa 66,8% das crianças diagnosticadas no Brasil. Já no Ensino Médio (com alunos entre 15 e 17 anos), existem 93,6 mil adolescentes com TEA, representando 1,2% do total de alunos.
A prevalência do TEA é homogênea entre as regiões do país, com taxa nacional de 1,2%. Apenas o Centro-Oeste ficou ligeiramente abaixo, com 1,1%. Ao mesmo tempo, os três estados mais populosos lideram em número de pessoas com TEA. São eles: São Paulo (548 mil), Minas Gerais (229 mil) e Rio de Janeiro (215 mil).
Realizando um recorte de raça, foi verificada a prevalência de diagnóstico entre as pessoas que se declaram brancas (1,3%), o que equivale a 1,1 milhão de pessoas. Essa é a primeira edição do Censo do IBGE que incluiu o TEA, em cumprimento de lei aprovada em 2019. A legislação determinou que todas as edições futuras considerem as particularidades das pessoas com autismo em suas pesquisas.
O Transtorno do Espectro Autista é uma condição de desenvolvimento neurológico, caracterizada por alterações que provocam dificuldades de comunicação social, comportamentos repetitivos e alterações sensoriais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os sintomas também incluem o interesse por atividades restritas, repetitivas e inflexíveis, que são claramente atípicas ou excessivas para a idade e o contexto sociocultural da pessoa.
A ampliação da definição de TEA, ao longo das décadas, tem influenciado o crescimento do número de diagnósticos. A inclusão da síndrome de Asperger, por exemplo, ampliou o espectro para pessoas com dificuldades sociais, mas com linguagem fluente e cognição preservada. De acordo com a OMS, hoje, pelo menos 70 milhões de pessoas no mundo vivem com o transtorno.
O Censo 2022 trouxe, também, um panorama atualizado da população com deficiência. Hoje, 14,4 milhões de brasileiros possuem alguma dificuldade permanente – seja em enxergar, ouvir, se locomover, de coordenação motora ou de funções mentais – o que representa 7,3% da população.
Assim, dentre as deficiências mais comuns, segundo o IBGE, estão: as visuais (7,9 milhões), de locomoção (5,1 milhões), coordenação motora (2,7 milhões), mentais (2,6 milhões) e auditivas (2,5 milhões). Muitas pessoas têm mais de uma dessas dificuldades.
Pontua-se que a maior incidência está entre idosos: 27,5% das pessoas com mais de 70 anos relataram algum tipo de deficiência. O Nordeste lidera em proporção de pessoas com deficiência (8,6%), seguido pelo Norte (7,1%). As mulheres são maioria entre os brasileiros com deficiência: 8,3 milhões contra 6,1 milhões de homens.
Vale ressaltar que autistas e pessoas com deficiência têm direito a programas sociais, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), desde que comprovem renda familiar de até ¼ do salário mínimo por pessoa e apresentem laudos médicos.
Finalmente, especialistas alertam para o risco de diagnósticos em excesso na infância, o que pode causar a patologização indevida. Por fim, caso você apresente ou perceba sintomas em alguém próximo, procure um profissional da saúde.