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Enclausurados, monges católicos e budista dão dicas de como lidar com o isolamento social de maneira pacífica

Religioso que optaram pelo isolamento dão dicas valiosas e opinam sobre a conduta do ser humano durante quarentena

Enclausurados, monges católicos e budistas revelam como lidar com o isolamento social de maneira pacífica – Getty Images

Em tempos de coronavírus, a medida adotada pelo governo federal e órgãos de saúde para frear a disseminação da nova doença no país foi a quarentena.

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Por isso, fomos obrigados, muitas vezes, a deixar nossos postos nas empresas para aderir ao isolamento em casa, saindo apenas em casos de extrema necessidade.

Ouvir as recomendações do sistema de saúde é fundamental, mas que tal prestarmos atenção nos conselhos sábios daqueles que escolheram o isolamento e o enclausuramento como forma de vida? O jornalista André Bernardo, da TAB, portal do UOL que aborda questões como política, tecnologia, estilo de vida e cultura, conversou com três monges, sendo dois católicos e um budista, e uma monja, sobre como conviver com o isolamento social durante a quarentena de uma maneira mais pacífica.

Em conversa com o abade emérito do mosteiro de São Bento, no Centro do Rio (RJ), Dom José Palmeiro Mendes, 78, o superior contou sobre as mudanças na rotina dos monges. Acordam às quatro e meia da manhã e começam, logo cedo, o processo de reza, trabalho e silêncio. Nos encontros, tanto na igreja como no refeitório, eles procuram manter a distância para evitar qualquer possível contágio do novo coronavírus. “Procuramos não sair da clausura”, contou Dom José. A clausura nada mais é do que um quarto que contém apenas uma cama, um armário, e algumas cadeiras. A maioria tem computadores.

Quando questionado sobre o teor humanitário que o isolamento social em massa poderia trazer à nação, o abade do mosteiro de São Bento respondeu que pensa que as pessoas deveriam aproveitar a reclusão para estreitar os laços familiares e interagir mais uns com os outros. “É hora de levar uma vida mais simples, deixar a avidez do lucro de lado e se dar conta de que estamos todos no mesmo barco”, conclui.

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Já o Padre Gabriel Vecchi, de 41 anos, prior do mosteiro da Ordem Cisterciense da Estrita Observância, em Curitiba (PR), uma das mais rigorosas da Igreja Católica, aconselhou a comunidade de tentarem tirar benefícios  da situação presente. “Todos nós trazemos na alma doenças mais graves que a covid-19. Rancor, inveja e vaidade também matam”, opinou Gabriel. Para o jornalista, ele ainda contou que são os superiores os responsáveis por transmitir as informações sobre o mundo exterior para os outros monges, uma vez que eles não têm acesso à internet, jornais, rádios e televisões. “Ficamos sabendo apenas do essencial, sem excessos”, completou.

Já a Irmã Martha Lúcia Ribeiro Teixeira, de 60 anos, que faz parte do mosteiro feminino da Nossa Senhora da Paz, em  Itapecerica da Serra (SP), contou que o convívio está acontecendo exclusivamente entre as 27 religiosas que vivem no local. Funcionários foram temporariamente dispensados, deixaram de receber fiéis nas missas e de acolher viajantes na hospedaria. A loja de artesanatos e doces também está, por hora, fechada. Otimista, Martha revelou que nós, sem dúvidas, sairemos melhores desta quarentena compulsória. “A humanidade está fazendo algo que, há muito, não fazia: parar”, opinou.

Ela ainda aconselhou a população a  manter a calma e conversar mais com Deus, além de dizer que devemos usar nosso tempo para exercitar nossa criatividade. A irmã ainda disse: “Mesmo sem poder sair de casa, não descuide da aparência”. Ótimas dicas!

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Por último, mais não menos importante, o monge Ajahn Mudito, 42, abade do mosteiro budista Suddhavãri, em São Lourenço (MG),  e diretor espiritual da Sociedade Budista do Brasil, contou que os seguidores saíam todos os dias pela manhã para recolher doações de alimentos. Com a chegada do novo coronavírus no Brasil, essa conduta teve que ser interrompida temporariamente.

Ajahn tem postado vídeos no YouTube para conscientizar a população sobre a importância do isolamento social e comentar sobre práticas e ensinamentos budistas que poder ser fundamentais durante esse período. Em um dos registros, o abade aconselha os internautas a não ter medo de ter medo. O monge ainda orienta as pessoas a colocar a leitura em dia e praticar o que chama de “pacificar a mente”, falando pouco, ouvindo muito e sendo gentil.

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