Você já pensou em levar seus filhos para a cozinha para te ajudar a preparar pratos doces e salgados? A chef Aline Chermoula conta que ensinando a criança a cozinhar, você se aproximar dela, cria memórias e ainda repassa seus dotes culinários. Veja formas de fazer isso e descubra como os pequenos podem se beneficiar disso:
Conhecendo os ingredientes
Primeiramente, a mãe de Maria e Pedro indica seguir a ordem do processo em conjunto, e a primeira fase é ir ao mercado. “Quando a criança começa a andar, você pode pedir para que ela pegue os ingredientes. Assim, se abre um espaço para a explicação do que é cada produto e para as dicas. Por exemplo, mostre ao seu filho que algumas frutas, como laranja e limão, com casca brilhante têm mais sumo”, relata.
Regras em casa
Outro passo antes de cozinhar é estabelecer tarefas e regras. “Eu acho que criança tem que ter rotina e um conhecimento de que tem algumas regras ali que devem ser cumpridas. Todos têm que colaborar, cada um a partir daquilo que consegue. Lavar pratos é uma das alternativas, já que é só passar a buchinha dos dois lados, enxaguar e colocar para secar. Talvez o copo seja mais difícil por ter que colocar a mão lá dentro, mas o talher dá, desde que não seja uma faca afiada. É importante ela entender que tem uma importância para a casa funcionar bem”, explica.
Primeiros passos na cozinha
Se for a primeira vez que você vai levar seu filho para ajudar na cozinha, vale apresentar os utensílios e suas funções. Isso irá despertar a curiosidade dele. Aponte o fouet e fale que serve para mexer, a espátula para cortar lasanha, as colheres de pegar feijão e arroz ou a batedeira para fazer bolo, dependendo do que você irá escolher para preparar. Agora, é hora de fazer a receita. Claro que não dá para colocá-lo em risco, como mexer no fogão ou expô-lo ao uso de facas sozinho, mas é possível iniciar pelo simples. “Só de colocar os ingredientes, eles vão ficando mais entusiasmados. Esta é uma forma de dar conta do trabalho e ensiná-los a fazer sua própria panqueca, seu bolo, ou o ovinho”, aconselha.
Montando a mesa
Chermoula já reparou que o preparar o ambiente para a refeição também é um momento especial para os pequenos, especialmente quando se trata da mesa posta. “Ele pode levar a manteiga, o requeijão, a geleia ou o pãozinho de queijo que tanto gosta, assim, ajuda na composição. Com a mesa posta, inclusive, se sentem muito importantes, porque este elemento está presente em restaurantes ou quando somos recebidos na casa de alguém especial. Então já notei que mudam até a postura, até mesmo as que têm três ou quatro anos sentam com as costas retinhas. Isso mostra para a criança que o instante de comer é um ato essencial”, detalha.
Criando memórias
Além de dar autonomia ao pequeno e aproximá-lo dos alimentos, uma das partes mais importantes de se cozinhar junto é a criação de momentos especiais que ficarão na lembrança. “A gente dá risada, brinca e se surpreende. Tudo isso marca a nossa memória e nosso coraçãozinho, né? Além disso, permite com que eles cresçam com várias histórias que envolvem a família”, ressalta.
Ademais, a cozinha é um espaço que cabe todos os familiares. “Eles têm a oportunidade de fazer preparos com a mãe e o pai, mas também com os avós, tios e primos. Uma vez fomos para a Bahia visitar minha avó, e eles cozinharam para a bisavó deles. Olha só que especial! Essas colchas de retalho que vão sendo criadas farão a maior diferença no futuro, além de fortalecer a autoestima. Quando nós temos a segurança de que as nossas relações com os familiares são consolidadas, tendemos a nos sentir mais fortes, vamos para o mundo fortalecidos por esses laços de afeto”, opina.
Receitas de família
Temos quase certeza que você tem carinho por um doce que só sua mãe sabe fazer ou um macarrão da sua avó que nada se compara com os dos restaurantes. Quando essas pessoas especiais se vão, as receitas são o que ficam para termos elas sempre por perto. “Cada família tem uma forma de preparar. Com isso, desde pequenos, vão assimilando este jeito do comer, do produzir, do fazer a refeição, que fala muito sobre a família, conta nossa história. Abre-se um espaço também para falar sobre ancestralidade, um tema ainda muito cru para eles. Porém, desta forma, formamos seres que saberão reconhecer esta conexão, o que fará toda a diferença no futuro”, conclui.