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Relacionamento saudável: psicóloga fala sobre a importância da qualidade da comunicação entre o casal

Todo casal que pretende encontrar uma forma de convivência saudável, necessita aprofundar o relacionamento num nível de comunicação mais produtivo e eficiente, ensina a psicóloga clínica Roselene Espírito Santo Wagner

Psicóloga falou sobre a importância da comunicação entre o casal – Pexels/ Andrea Piacquadio

Dados estatísticos revelam que no segundo período de 2020, em função da pandemia, o número de divórcios no Brasil bateu recorde. Os cartórios brasileiros registraram 43,8 mil processos, segundo dados do Colégio Notarial do Brasil — Conselho Federal (CNB/CF), representando um aumento de  15% em relação ao mesmo período de 2019. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no meio do ano passado, o total de divórcios saltou para 7,4 mil apenas em julho, 260% de elevação da média de meses anteriores.

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Baseada nessas estatísticas, a psicóloga clínica Roselene Espírito Santo Wagner afirma que a saúde da instituição casamento estava em declínio, portanto, a pandemia que, fez obrigatoriamente as pessoas a conviverem mais, deflagrou crises que já estavam instaladas de forma latente, tornando-se manifesta.

“Casamento sem conflito é um mito”, destaca, ressaltando que toda a união conjugal atravessa divergências. “Não existe sequer um lar que não sofra transtornos, revezes, desavenças, desentendimentos. Mesmo entre casais apaixonados e comprometidos mutuamente, haverá momentos de irritação, intolerância, alterações e lágrimas. Porém, se esses conflitos forem aproveitados como lições, poderão colaborar para o aprofundamento da relação entre os dois lados dessa engrenagem chamada casamento, na primeira discussão não se pode deixar emergir dúvidas e sim desafios a serem ultrapassados”.

Para muitos casais, segundo Roselene, é mais fácil desistir do que investir. “Desistência carrega comparações, incompreensões, mágoas e incoerências que, por certo aparecerão de alguma forma em relações posteriores. As estatísticas têm mostrado que ‘recasamentos’ têm durado menos tempo que os casamentos primários”, pontua.

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Em sua atuação como terapeuta familiar, Roselene constata que as maiores queixas entre casais que levam a desentendimentos constantes e rompimentos definitivos são: quebra na comunicação, perda de interesses e alvos comuns, incompatibilidade sexual, infidelidade, desaparecimento do companheirismo, da alegria, da cumplicidade e encantamento de dividirem momentos, dinheiro, principalmente a falta dele, discordância em relação à educação dos filhos,  uso de álcool e drogas, dificuldade em estabelecer igualdade de direito: homem x mulher e os sogros (família de origem).

Vida mais saudável

Roselene revela que o primeiro passo para uma vida mais saudável entre o casal está na qualidade da comunicação. “Comunicar-se é uma arte, gastamos uma vida inteira tentando aprender como ser eficientes nela; um processo verbal ou não verbal de transmitir uma informação a uma pessoa de maneira que ela entenda o que está sendo dito”.

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Portanto, todo casal que pretende encontrar uma forma de convivência saudável, necessita aprofundar o relacionamento num nível de comunicação mais produtivo e eficiente. “Talvez o conceito mais importante da comunicação seja reconhecer que é uma via de mão dupla. Isto quer dizer que não basta somente falar também é necessário aprender a ouvir”, ensina.

A psicóloga sugere que para fortalecer a comunicação é preciso desenvolver a capacidade de ouvir. “O parceiro que sabe ouvir está presenteando o companheiro; é uma atitude que revela respeito, consideração, importância e carinho”, observa, afirmando que nesse processo é importante destacar a diferença entre ouvir e escutar.

Ela salienta que escutar é fundamental para receber conteúdo e informação; ouvir é preocupar-se com que o outro está dizendo, compreender os sentimentos, colocando-se na situação discorrida. E alguns erros ou ruídos de comunicação podem “minar” essa relação de escutar e ouvir.

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A psicóloga pontua os principais erros de comunicação:

posição de defesa, escutar para logo em seguida se defender atacando o parceiro; preconceitos, nossos preconceitos nos fazem rejeitar posições e opiniões; interrupções, não ter paciência de ouvir os argumentos do outro até o fim; a relação e seus problemas devem ser privados não público, roupa suja se lava em casa; e ser inoportuno, querer discutir assuntos sério em momento errado (trabalho, diversão, casa de amigos. 

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Tentar é mais corajoso do que abandonar

Para Roselene, quando a crise começa a se instalar e o casal percebe; e quer resolver os conflitos deve buscar ajuda profissional. “A terapia de casal – técnica psicoterapêutica conduzida por psicólogos – se configura como um espaço de sigilo e respeito onde o casal é acolhido em suas queixas e demandas afetivas. Por meio da escuta ativa, o psicólogo auxilia a identificar suas necessidades e conflitos, atuando como facilitador e mediador do diálogo”.

Cabe lembrar, frisa Roselene, que o psicólogo não tomará decisões a respeito da vida do casal, nem funcionará como como “juiz das situações” colocadas pelos clientes. “Decisões e direcionamentos de vida podem se apresentar ao casal por meio do espaço terapêutico, mas são de competência e responsabilidade dele”.

A terapia ajudará o casal a identificar aquilo que aflige cada indivíduo, como esse problema se inicia e quais necessidades que pressionam esse comportamento, afirma. “Na medida em que a terapia consegue reconhecer e diferenciar suas próprias demandas como indivíduos separados, o casal consegue progredir com mais flexibilidade”.

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Nas sessões de terapia de casal, a psicóloga procura observar e desvelar a dinâmica na relação, o que é um dos objetos da intervenção terapêutica. “Nesse sentido, novas possibilidades de ser e estar juntos podem se abrir, auxiliando no relacionamento a dois, respeitando a individuação”.

Por fim, Roselene destaca que a terapia visa a identificar, acolher, intervir e repensar estratégias para situações de sofrimento comuns do casal, o que se constitui como recurso mais elaborado de enfrentamento para as questões de ambos. “Dessa maneira, ela trabalha com os próprios recursos que o casal já tem e promove espaço de desenvolvimento de novos modos de se relacionar, favorecendo a estabilidade e o equilíbrio dinâmico do indivíduo e do casal”.


Sobre Roselene Espírito Santo Wagner – psicóloga clínica, mestre em psicanálise, neuropsicóloga, psicanalista clínica, extensão em psiquiatria para dependência química, perita judicial em psicologia, especialista em TDAH, em treino cognitivo, em psicometria, em laudos, pareceres, psicodiagnóstico, testes psicológicos, formação em neurociências e comportamento, em perícia em serviço social e psicologia, terapeuta de casal e família e supervisora de casos clínicos.