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“Sou uma mulher preta que representa outras mulheres pretas”, diz Aline Borges

Aline Borges, atriz que faz sucesso como Zuleica, em Pantanal, fala sobre a importância da representatividade e da luta contra o racismo

"Sou uma mulher preta que representa outras mulheres pretas", diz Aline Borges
“Sou uma mulher preta que representa outras mulheres pretas”, diz Aline Borges – Reprodução/Instagram/@ligborges

Quem está acompanhando Pantanal sabe que vários atores estão sendo muito aplaudidos pelo público e pelos críticos de televisão. Com Aline Borges, que interpreta Zuleica, isso não é diferente. Em entrevista realizada à Quem, a atriz falou sobre vários assuntos, incluindo a importância da representatividade negra e da luta contra o racismo. Ela falou também, é claro, sobre o sucesso da sua personagem.

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Aline Borges fala sobre representatividade

“A gente vive em um país extremamente racista onde a gente precisa lutar muito para ver pessoas pretas na televisão atuando ou ocupando espaço de poder em qualquer lugar na sociedade. Eu sou uma mulher preta que não tem uma pele retinta. Então, o meu prejuízo social nunca vai se comparar ao de uma mulher preta retinta. Sou uma mulher preta que representa várias outras mulheres pretas, mas as oportunidades para mim são maiores do que para uma mulher preta retina”, disse.

A atriz também afirmou que, desde quando nasceu, mesmo que inconscientemente, o racismo esteve presente em falas e piadas de outras pessoas. Aline ainda deu exemplo de uma situação que viveu ao lado do irmão gêmeo, que possui a pele mais escura.

“Quando uma familiar nos viu pela primeira vez, comentou: ‘A menina até que é bonitinha, mas o menino é bem feio, parece um carvãozinho. Um dia, quando a gente tinha nove anos, vi realmente uma cena de violência. A gente voltava da escola quando uns meninos começaram a bater no meu irmão, o chamando de negão. Eu não consegui fazer nada além de me encolher e pensar: ‘Ainda bem que eu não sou preta”, lamentou.

Ela finalizou falando sobre a alegria de ver outros atores negros participando e sendo protagonistas na televisão. Isso mostra a representatividade – tão importante para crianças.

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“É importantíssimo ter pessoas pretas em todos os espaços. Eu não me reconhecia na TV. Meninas pretas e meninos pretos vão assistir TV e precisam se ver não só nos papéis que a vida inteira colocaram a gente, o de empregada, copeira e faxineira. Eles precisam se ver presidente, médicos… É isso que a gente precisa ver, essa transformação. Ter essa família Gonçalves em Pantanal é muito importante, mas ainda é apenas um núcleo. Precisamos ocupar mais espaços”.