Por que ovos e coelhos são símbolos da Páscoa?

De acordo com especialistas, há diferentes versões que associam os elementos, conhecidos por serem símbolos de vida e renascimento, ao feriado cristão

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Especialistas apontam diferentes versões que associam os elementos símbolos de vida e renascimento à Páscoa – Pixabay/vecpixgraphix

A Páscoa, que, neste ano, acontece em 20 de abril, é uma data importante para a Igreja Católica, pois celebra a ressurreição de Jesus Cristo. Em comemoração, muitos fiéis vão à missa ou se reúnem com a família. Outra tradição envolve a caça aos ovos que seriam entregues por um coelho. Por isso, no dia, é comum distribuirmos chocolates e nos depararmos com decorações em referência ao roedor, mas você sabe como surgiu essa prática e qual a sua relação com o catolicismo?

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Coelho da Páscoa

De acordo com historiadores, existem diferentes versões que buscam justificar a assimilação do coelho ao feriado cristão. O principal relato narra que Maria Madalena foi visitar o sepulcro de Jesus de Nazaré no domingo e, ao chegar, encontrou a sepultura entreaberta. No local, havia também um coelho preso no túmulo. Ele, assim, teria sido o primeiro a testemunhar a ressurreição do filho de Deus.

A partir dessa história, o fato de, desde o antigo Egito, o animal estar atrelado à fertilidade e ao renascimento, por ser o primeiro a sair da toca após o inverno, fez com o coelho se tornasse um símbolo da Igreja e da Páscoa. “A lebre já foi associada até a Cristo na iconografia cristã, com orelhas grandes para ouvir melhor a palavra de Deus”, ressaltou o pesquisador Evaristo de Miranda, à ‘BBC News‘.

Ovos como símbolos da vida

Mas ainda há uma dúvida. Como o hábito de entregar ovos de chocolate se relacionou com a religião e com o roedor, que sequer é um ovíparo? Os especialistas da área apontam que, para os Povos da Antiguidade, o alimento também já era visto como uma representação da vida e do recomeço. Isso porque eles acreditavam que o Universo tinha uma forma oval. Além disso, de acordo com estudos, diferentes populações, como a chinesa, costumam usar os ovos de galinha em celebrações sazonais ou para se apresentar.

“Muitos séculos antes do nascimento de Jesus, a troca de ovos no equinócio da Primavera, comemorado no dia 21 de março no hemisfério norte, era um traje que celebrava o fim do inverno”, apontou o monsenhor André Sampaio Oliveira, para o veículo.

Entretanto, com o surgimento do feriado cristão, os religiosos integraram a prática à Semana Santa. Desta forma, eles passaram a associar o alimento ao renascimento de Cristo e a distribuir cascas pintadas à mão. A incorporação do chocolate, no entanto, ocorreu apenas no século XVIII, com os confeiteiros franceses que recheavam os ovos com o doce.

“Na perspectiva histórica, não é possível precisar a origem do coelho e dos ovos de Páscoa. No máximo, podemos saber que não há uma única versão, mas diversas, todas válidas, narradas pelos mais diferentes povos e culturas. Para nós, historiadores, o mais importante é não identificar a ‘verdadeira narrativa’, mas decifrar os significados atribuídos a esses símbolos e às ideias que eles procuram transmitir”, afirmou o doutorando em História pela Unicamp, Jefferson Ramalho, em entrevista à ‘BBC News’.

*Texto feito sob supervisão de Helena Gomes

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