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Segunda da sabedoria: Hildegard de Bingen

Poetisa e compositora, a filósofa era o contato de papas, príncipes e reis em busca de auxílio espiritual; toda segunda, um guru para inspirar a sua semana

Aos 8 anos entrou para o mosteiro beneditino de São Disibod – Reprodução

Freira alemã, filósofa e visionária,
foi uma das grandes figuras místicas da Idade Média. No século 12, pregou em
igrejas e conventos e manteve assídua correspondência com papas, príncipes e
reis, que recorreram a ela em busca de auxílio espiritual. Hildegard também foi
poetisa e compositora e escreveu os dois únicos tratados medievais de ciência
natural e médica, nos quais abordou as propriedades terapêuticas das ervas
medicinais. Hildegard nasceu em 1098, em uma família nobre da cidade de
Bermersheim, e aos 8 anos entrou para o mosteiro beneditino de São Disibod, do
qual mais tarde se tornaria abadessa.
                Educada
na clausura, aprendeu a ler e a escrever em latim. Mais tarde, essa instrução
facilitaria suas relações com grandes figuras da época. Hildegard foi uma criança
de saúde delicada e desde cedo começou a ter visões místicas, com anjos e raios
de luz colorida. Apenas aos 43 anos, entretanto, tomou coragem para registrar e
divulgar essas visões, com riqueza de detalhes, nos três volumes de Scivias (abreviatura de Scito vias Domini), escritos entre 1141
e 1151. Neles, a freira, que afirmava ser apenas o veículo para as revelações
divinas, discorria sobre a relação entre a humanidade, a natureza e o Cosmo em
expansão. Reconhecida como conselheira e terapeuta, Hildegard trocou centenas
de cartas com personalidades da época, incluindo o imperador alemão. Por meio de Bernard
de Clairvaux, eminente religioso, fundador da ordem cisteciense, os manuscritos
de Scivias
chegaram
ao papa Eugênio III, que endossou os textos e as visões da freira.
  Ao longo dos 25 anos seguintes,
Hildegard produziu uma extensa obra, em que figuraram outros livros sobre visões
e profecias, mais de 70 canções litúrgicas e o primeiro tratado de moral, Ordo Virttem, sobre a eterna
batalha entre o bem e o mal. Nos livros Physica e Causae et Curae, debruçou-se sobre o uso terapêutico de plantas. Enérgica e
independente, em seu último ano de vida Hildegard de Bingen sofreu um duro
golpe. Depois de sepultar no cemitério de seu convento um nobre cavaleiro excomungado
pela Igreja, foi obrigada pelos bispos a desenterrar o corpo. Sua recusa, sob a
alegação de que o jovem havia confessado seus pecados, provocou a interdição do
convento. Seus direitos foram restaurados apenas alguns meses antes de sua
morte, aos 81 anos, em setembro de 1179.

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de Bingen – A Consciência Inspirada do Século XII