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Ciclo consciente

É preciso repensar o destino dos resíduos materiais que produzimos e reverter o subaproveitamento da reciclagem no país. Pelo bem do planeta e da inclusão social

Tião Santos – Arquivo Pessoal
1- O que as pessoas deveriam saber sobre o lixo que produzem?
Em primeiro lugar, que lixo ocupa espaço – não vai para outro planeta –, e gera problemas como a exclusão social e a degradação ambiental. Também deveriam entender
que nem tudo o que se produz é lixo. Se o destino for a reciclagem, garrafas PET, embalagens de leite e de pasta dental, além de latinhas de alumínio, entre outros itens, irão produzir renda, além de promover a inclusão e a cidadania. Sem contar o benefício para a natureza.

2- A possibilidade da reciclagem não acarretaria mais consumo e posterior descarte?
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil recicla de 2 a 3% dos resíduos produzidos, sendo que o potencial é de 40%. Na França se recicla
mais de 40% dos rejeitos; na Alemanha, quase 80%. Tão importante quanto compreender a necessidade da reciclagem, no entanto, é saber que ela tem seus limites. Não
dá para consumir indiscriminadamente apostando apenas nela.
3- De que forma os catadores de material reciclável gostariam de ser vistos pela sociedade?
Essa ainda é uma alternativa de sobrevivência precária para a população mais pobre: 60% dos catadores atuam dentro dos lixões a céu aberto, 30% estão nas ruas rasgando sacos e sofrendo humilhações e somente 10% estão organizados em cooperativas. Esse serviço precisa ser valorizado pela sociedade. Somente quando os catadores forem
devidamente remunerados é que suas vidas irão melhorar.

TIÃO SANTOS, revelado pelo documentário Lixo Extraordinário (2011), sobre a obra do artista Vik Muniz, é ex-catador fluminense e atual presidente da Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, RJ. Sua missão: destacar a importância da coleta seletiva e da valorização dos profissionais desse setor.

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