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Mulher entra em faculdade de medicina aos 49 anos: “Vou ser a 1ª médica da família”

Ela parou de estudar ainda jovem. Mesmo assim, Janecleia seguiu seu sonho de prestar vestibular para curso de medicina e ingressar na faculdade aos 49 anos

“Vou ser a primeira médica da minha família”: mulher entra em faculdade de medicina aos 49 anos
“Vou ser a primeira médica da minha família”: mulher entra em faculdade de medicina aos 49 anos. Foto: Arquivo pessoal/ Janecleia Sueli Maria Martins

Janecleia Sueli Maria Martins mostrou, aos 49 anos, que nunca é tarde demais para continuar estudando e seguir seus sonhos. Após 12 anos tentando passar em uma faculdade de medicina, a passadeira garantiu sua vaga no curso de medicina da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em Salvador. Mesmo a faculdade sendo quase 500 km de distância de sua casa, a estudante se prepara para o início de suas aulas.

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Essa conquista é um sonho antigo de Janecleia. Desde os 11 anos, a mulher sonhava em ser médica. Porém, as suas condições de vida foram entrando no caminho e a afastando de seu maior desejo. Com apenas 16 anos, após concluir o ensino médio, a passadeira precisou parar de estudar, sem previsão de volta.

Após se casar ainda nova, Janecleia teve seu primeiro filho aos 17 anos. Para sustentar sua família, a mulher passou por diversos empregos, de caixa do supermercado a faxineira. Ela sempre lutou para dar o sustento de sua casa. “Sou de uma família muito simples e humilde, nunca tivemos condição de nos dedicar aos estudos. Sempre precisei trabalhar para levar comida para dentro de casa e assim foi desde que me casei”, explicou em uma entrevista para o portal UOL.

A volta de um sonho

Aos 24 anos, teve seu segundo filho. O sonho de ser médica foi ficando cada vez mais distante, até que o curso de medicina chegou em uma universidade de sua cidade, a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Ela viu como uma oportunidade para, depois de tantos anos, continuar estudando.

“Como eu sempre estudei em escola pública, podia disputar bolsas para estudar de graça [em preparatórios], e assim foi. Mesmo quando eu não conseguia, eu pedia ajuda e fui conseguindo voltar a estudar”, explica a mulher como conseguiu entrar em cursinhos, uma vez que não tinha dinheiro para pagar essas instituições.

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Dificuldades pelo caminho

Ela explica que não foi fácil voltar a ter uma rotina de estudos. “Comecei do zero, porque como fiquei mais de 15 anos sem estudar, o conteúdo mudou bastante”, comentou Janecleia. Ela também desabafa que precisou lidar com olhares preconceituosos, pois muitos acreditavam que ela estava velha de mais para prestar vestibular.

“Quando eu falava que ia prestar medicina, logo vinham os olhares me julgando. O que eu mais ouvi é que estava velha para isso. Muita gente me disse que eu já estava no fim da vida e não deveria perder tempo tentando ser médica”, relembrou.

Mas Janecleia insistiu em seu sonho e não deixou os comentários maldosos a pararem. Ela confessa que apenas um ano pensou em desistir, quando seu pai faleceu e isso a afetou de forma que ela não tinha mais certeza se deveria continuar. “Pensei em desistir e não prestar o vestibular da Uneb, mas como eu havia feito a inscrição como baixa renda, fiz a prova para não perder o benefício”, explicou a universitária.

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E foi justamente nesse ano que a mulher passou na tão sonhada faculdade. Ela foi aprovada, segundo resultado que foi divulgado no dia 27 de fevereiro. Jane ainda relembra que nem sabia a data do resultado e só descobriu que passou quando pessoas próximas começaram a lhe mandar mensagens de parabéns pela aprovação.

Início de uma nova era

Com apenas 30 reais no bolso, sua família e amigos arrecadaram dinheiro para que ela fosse até a capital baiana fazer a matrícula. Agora, ela espera o início das aulas para se mudar e começar uma nova etapa de estudos em sua vida. Sua filha começou uma vaquinha virtual para ajudar a mãe a arcar com os custos da universidade.

“Vou procurar o serviço de assistência social da universidade e tentar a moradia social. Se for preciso eu trabalho, passo roupa, faço faxina, mas vou realizar o meu sonho. Vou ser a primeira médica da minha família”, finalizou a nova estudante de medicina.

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