Nada de adivinhar, só inventar
Inspirado nas cartas do tarô, Contos Arcanos espelha os múltiplos desafios propostos pelo oráculo das imagens arquetípicas
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Seja pela beleza gráfica, seja pela fartura de significados, o tarô fascina quem o toma por oráculo. Cara a cara com o baralho, o jornalista, tradutor e escritor paulista Frank de Oliveira prestou atenção às tramas que os 22 arcanos maiores sussurraram à sua imaginação. Orientado pelas tarólogas Cristiane Gracindo e Ana Paula Nunes Nogueira, ele criou enredos inspirados em cada lâmina. É por isso que Contos Arcanos (Chiado Editora, R$ 27) radiografa, por meio de seus personagens, os diversos matizes da experiência humana: perdão, ciúme, desencanto, desejo, sonhos, libertação etc.
Confira, a seguir, trechos relacionados a três cartas “sorteadas” ao acaso dos dedos.
O Imperador
A força da liderança. De coração forte, guia e dá apoio. Toma as decisões com mão firme, seguindo regras muito claras e estritas. Enxerga a necessidade da melhora.
“Meu pai nunca publicou um livro. Mas gostava, secretamente, de escrever. E, sobretudo, de ler. Tinha uma biblioteca em casa. Não tantos livros, mas muito bons, de formação, biografias. Ele se preocupava com isso, gostava de me dizer o que era e o que não era importante na vida.”
A Estrela
Representa a habilidade de aceitar os próprios erros e buscar o equilíbrio. O universo derrama bênçãos e a dor se dissipa.
“Como o mundo da mulher derramando água que eu via na carta, num lago que eu não sabia o que queria dizer. Um lago de água azul, diferente da água barrenta que engoliu João para sempre. Que o levou para um lugar de onde não retornaria. (…) O passarinho João estava agora em outras esferas de luz.”
A Força
A carta não tem a ver com a força física, mas com a inteligência, a astúcia. A fera simboliza os acontecimentos externos. Trata-se do domínio do espírito sobre as emoções e sensações.
“As coisas seguiam como nos amores novos. Presencial, quase sempre. Presente sempre, mesmo de longe. Intenso. André gostava daquele envolvimento, tão forte que o deixava zonzo. Porém, começava a sentir falta de algumas coisas. (…) Consolava a si mesmo pensando que no começo era assim, amor poderoso, que prende e arrebata.”
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