Mito ou verdade? Especialistas revelam se beber vinho todo dia faz bem para a saúde
Nova revisão científica derruba mitos sobre o consumo moderado de vinho; confira os resultados

Nova revisão científica derruba mitos sobre o consumo moderado de vinho; confira os resultados
Durante anos, se disseminou a ideia de que o vinho poderia ser um aliado à saúde. Você já deve ter escutado, por exemplo, que “beber uma taça por dia faz bem para o coração”, não é mesmo? No entanto, novas pesquisas científicas colocam em xeque, esta crença popular.
Pesquisadores de instituições do Canadá e Reino Unido analisaram mais de 100 estudos sobre o tema e concluíram que, na verdade, o álcool não traz nenhum tipo de benefício para a saúde – mesmo em pequenas quantidades.
Em estudo publicado na revista JAMA Network, pesquisadores das universidades de Victoria, do Canadá, e de Portsmouth, no Reino Unido, compararam 107 estudos sobre o tema, realizados desde os anos 1980. Nesta revisão, foi possível avaliar históricos de mais de 4,8 milhões de pessoas do mundo, desde alcoólatras a pessoas que nunca beberam álcool. O resultado foi claro: não há evidências de que o consumo moderado deste tipo de bebida, incluindo o vinho, prolongue a vida ou reduza doenças em comparação a quem não bebe.
Cientistas mostram, inclusive, que o consumo baixo de uma ou duas taças por dia já está associado a um maior risco de mortalidade. Quem toma álcool socialmente, no entanto, pode ficar tranquilo. Afinal, embora não tenha benefícios, o consumo também não está associado a pioras na saúde.
O levantamento mostrou que pessoas que consomem até 23 gramas de álcool por dia (cerca de duas taças de vinho), já apresentam risco aumentado de morte por doenças. Quem consome mais de 65 gramas diários (o equivalente a uma garrafa de vinho) tem 38% mais chances de morrer precocemente.
Existe, também, uma diferença importante entre os sexos: mulheres são mais vulneráveis aos efeitos do álcool. Para elas, a taxa de mortalidade precoce chega a 61% quando o consumo ultrapassa 45 gramas por dia. Essa quantidade é inferior ao limite considerado extremamente alto entre os homens.
De acordo com os pesquisadores, estudos antigos defendiam o consumo moderado de vinho sem considerar o histórico presente ao longo da vida. Isso distorcia os resultados, favorecendo a falsa impressão de que o álcool protege a saúde.
Outro argumento referia-se ao “paradoxo francês”: os franceses têm baixa incidência de doenças cardíacas, mesmo com uma dieta rica em gordura – o que foi atribuído ao consumo frequente de vinho. No entanto, novas análises mostram que este efeito pode ser explicado por outros fatores, como estilo de vida, alimentação equilibrada e genética.
Embora o consumo ocasional e moderado não tenha mostrado benefícios, ele também não está claramente associado a grandes riscos – desde que os limites sejam respeitados. Especialistas continuam alertando para os perigos do abuso do álcool, que incluem aumento do risco de câncer, doenças hepáticas, problemas cardíacos, distúrbios psiquiátricos e dependência química.
A recomendação, portanto, é clara: não se deve usar a desculpa de que “vinho faz bem” para consumi-lo todos os dias. A moderação continua sendo a melhor escolha. Sempre que possível, busque os antioxidantes e nutrientes diretamente nas frutas, como a uva, sem o álcool.